Função principal: o (único) bom uso

       Na maioria das residências brasileiras, existe alguma coleção de remédios e tornou-se “normal” tomar algo indicado por alguma propaganda ou vizinho, por exemplo. A ingestão de medicamentos passou a ser vista como parte da rotina e isso alterou o significado do termo “automedicação”.
      Quando um organismo atinge a saturação de alguma substância, a tendência é achar que, aumentando a dose, o efeito voltará a se manifestar. Entretanto, alguns danos são irreversíveis. Um exemplo é uso contínuo da pílula do dia seguinte que, apesar de ter como função o uso de emergência, é usada, por diversas mulheres, em intervalos cada vez menores.
      Outro problema, considerado ingenuamente como solução, é o efeito placebo. Muitas vezes o medicamento sequer surte o efeito esperado, mas só em ser ingerido, o resultado ideal passa a ser “apresentado” apenas porque a pessoa acredita que ele está acontecendo.
      Desnecessário citar a superlotação nos hospitais públicos pelas mais diversas causas e a conclusão lógica de que mais encaminhamentos por motivos “banais” não têm espaço. O grande consumo de analgésicos não preocupa a quase ninguém. Porém, um melhor estilo de vida seria capaz de reduzir um bom número de dores de cabeça, desidratação, stress ou problemas circulatórios entre tantas outras expressões corporais geradas pelo padrão de vida urbano atual.
      Hospitais não precisam de filas maiores e indústrias não precisam ser fechadas. A automedicação deve ser usada com o seu sentido principal e não como um hábito rotineiro. Uma melhor conscientização de que o conjunto de melhores noites de sono, exercícios físicos e revisão alimentar são muito eficazes na prevenção de doenças é a maneira mais simples de devolver o sentido original dessa prática.


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