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Sinto minha energia escorrendo por um ralo que eu não sabia que existia na minha vida. Sinto que a culpa é como um processo neoplásico que pode até se esconder muito bem, mas muitas vezes reaparece e suga tudo que existe de bom. Sinto que não somos bons enquanto humanos, nem enquanto outra coisa que podemos supor que somos quando dizemos que não estamos sendo humanos. Sinto vergonha e quando a sinto parece estou realmente envergonhada é pelo fato de nascer ou de não parecer atingir o profundo do outro e causar alegria, conforto e amor, muitas vezes me pergunto seriamente (mas em silêncio, pois raramente escuto) se não sou capaz de iniciar o amor em alguém. Sinto que o mundo está em guerra desde que foi iniciado e que, desde o princípio, essa guerra está perdida e todos nós sabemos isso no mais íntimo da mente. 

Ainda assim é engraçado viver, é possível rir com o cômico da situação que é ver algumas circunstâncias questionarem desejos tão grandes. Como é possível que, depois de construir uma casa nos mínimos detalhes e com tanto suor, a gente se pergunte se não é hora de derruba-la ou de ir embora para sempre? Como é possível que tenhamos essa configuração enquanto seres humanos (ou o que quer que sejamos quando não os somos mais)?



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