Queda livre

 A importância de não estar bem é suprema, é vital, mas estar dentro do carrinho enquanto ele desce parece infinito. E se ele não voltar a subir? E se o movimento é de queda livre, onde se dá o final? O que sobra após um fim de desmonte? Ao fim de uma tragégia, quem somos nós? O que resta de nós quando depois da última colisão? Eu me lembro de como me senti (e me sinto) grandiosa após o atravessamento de tantos loops, ladeiras, escuros, impossibilidades e quedas. Eu me digo quase continuamente que a coragem só pode ser sentida e exercida em situações que envolvem medo, sem medo não é possível saber que temos coragem... e, ainda assim, às vezes, é muito assustador não ter freio, não ter o comando da direção, não saber que horas acontecerá o impacto final e o que virá disso. Olho para aquela pessoa que me assustou no começo de tudo porque eu não queria ficar enrijecida como ela; tantas vezes, após, eu ri da sua falta de jeito, do seu medo, do seu nunca-avançar, mas algo muito grande parece ter acontecido e ela parece ter sofrido um acidente com saída dos trilhos e nunca mais ter conseguido voltar para a suposta trilha original, nem sequer montar uma nova. Como tudo é infinitamente assustador... o que se pode fazer, enquanto da queda, além de se segurar? Por que é tão difícil ter firmeza no pescoço? Lembro que tão recentemente havia passado por uma subida longa e apreciado a vista lá de cima... mas foi um tempo curto demais... da própria via visao já comecei a ouvir o som de maquinaria aumentando para a queda que vinha... e agora sigo caindo em uma queda que parece livre... totalmente absorta na liberdade.



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