Desejo agora ficar embaixo da mesa enquanto a manhã vira tarde, ficar embaixo do lençol enquanto o sono escorrega por cada célula e cai no chão, totalmente descansada e ainda assim sem pressa de levantar. Não quero ter pressa pra me levantar. Desejo agora parar de ficar liberando comentários disfarçados de intenções, sem proferir as reais intenções. Desejo, no fundo mesmo, é nem ter intenções, mesmo sabendo da impossibilidade de não desejar enquanto estamos vivos. Eu quero estar em paz dentro de mim, mas me perdi no caminho e não sei onde achar minha própria porta. Desejo com a alma inteira ficar quieta, parada, invisível, no mudo. Não quero além disso. Nunca mais me vi sozinha, nunca mais me vi com coisas tão estranhas de minha própria personalidade (mas que de alguma forma me gerava encanto). Eu nunca mais me vi… e o engraçado de tudo isso é que quem escreve agora é alguém que eu sempre quis ser. Como foi que virei alguém que tanto desejei ser e perdi quem eu sempre fui? Como manter a escalada de mim mesma sem deixar tantos pesos para trás? Sendo esses pesos eu mesma? Vou precisar voltar alguns passos e adiar ou até, quem sabe, nunca chegar à visão plena. E eu quero visão plena? Falei várias coisas aqui que acho que quero, mas o que eu realmente quero? E tenho como saber? Desejo sossego, escuridão, esconderijo… para fugir da possibilidade de algum reconhecimento e simultaneamente do não-reconhecimento porque parece ser exatamente disso que tudo se trata… o delicado cuidado que precisamos ter com o que desejamos… porque não sabemos exatamente se suportamos o que desejamos.
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