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Dirigir nessa estrada exigiu enxergar diversas placas que sinalizavam o retorno. Placas que foram se distanciando, mudando de tamanho e de evidência, até que sumiram e agora não há conversão para nenhum dos dois lados, no máximo mudar de faixa. E eu sei que as próximas cidades também não permitem acesso às vias que nos levam a cidade de origem. A origem dos abalos sísmicos que fizeram de cócegas a cortes. 

As demais placas dizem que é o mesmo rumo que tomo sempre que ouso dirigir, mas de forma engraçada parece que nunca enxerguei esse caminho, nunca ouvi essa natureza e essa humanidade nessa rota, não conheço aqui, não posso sequer cogitar seguir de olhos fechados, em total contraste com a grande sensação de se repetir e repetir tudo. Mas como voltar ao castelo de mim mesma que me encerrou em vários pontos finais de frases que eu precisava que fossem livros? Como voltar, mesmo que andando, para um jardim sem fauna? 


Há tanto medo em continuar acelerando, mas é proibido, também, parar no meio do tempo. Tudo é tão difícil, trabalhoso, são tantas coisas que preciso considerar que vão e estão tão além de mim, do que posso pensar, do que consigo enxergar, do que me permito sentir, do que me nego a tocar. Como eu preciso de um mapa, meu Deus, como é ruim seguir em desorientação depois de uma vida inteira sabendo exatamente para onde, pelo menos, apontar.

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