Os ponteiros passaram e você não passou

Todos os ponteiros andam, menos o do último relógio que nos viu. Investi energia num universo à parte de forma automática, porque suas mãos dirigem qualquer coisa que tocam. As pulsões de Eros e Thanatos fazem muita confusão em teus cenários e todas as minhas guerras silenciam porque, diante de ti, são irrelevantes. 

O seu relógio não anda e eu, sentada, sem perspectiva de caminhar nessa galáxia labiríntica, fico olhando para os ponteiros parados em cima da porta que você fechou, a mesma que você abriu sem eu convidar. Você me entrega frequências que achei ser incapaz de entrar sem determinadas receitas de bolo, cujas quais achei que faziam um único, e absolutamente singular, sabor… mas quando as frequências vitais entram em sua ressonância, você me mostra que a vida é ampla, que eu não fui condicionada àquela bandeja ou forno aquecido, você me levou além, novamente à beira do abismo, o que abre uma porta sideral para me mostrar que tá tudo bem, posso realmente morrer quantas vezes eu quiser, desde que eu queira, mas que, apesar disso, você não vai me matar porque não tem interesse e aí me resta retornar ao nível terreno, onde os ventos entraram em escassez. 

Não sei se é só isso, de fato, que me resta ou se me tornei apenas uma figurante universal como sempre almejei ser, mas tá tranquilo, sua mão que me puxou para o ciclone, também me tirou rapidamente, em segurança, estamos tranquilos. Tranquemos, talvez, a porta.



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