A árvore no escuro

 Onde o céu termina? Até onde conseguimos pisar em chão instável? 

Sempre foi difícil falar o óbvio porque, na verdade, havia recusa em dizer algo simples que fosse possível de você entender e responder. Eu queria resposta, mas queria mais a presença, e o que é mais atrativo que a dúvida? Uma conversa rende mais quando novas perguntas são feitas e não quando respostas diretas podem ser dadas. A pergunta era fácil, curta, nítida, mas eu queria o passeio da estrada de terra pra ver as estrelas e ainda bem que o céu estava nublado pra podermos ir novamente. 

Não podemos… por tantos motivos. Milhões de motivos que se resumem em um motivo fácil, curto e nítido que você não disse antes de minha irmã ir pro colégio porque queria ir mais vezes naquele espaço redondo com uma árvore única e depois resolveu falar quando ela
disse que podia me dar o dinheiro do cofre dela e eu não quis que ninguém acreditasse, embora eu acreditasse pelo mundo inteiro, até mesmo mais do que você, até mesmo antes de você… mas não sei porque nessas esquinas vejo seu olhar assimétrico. 

Pisei no núcleo da terra de tanto me investigar e, ainda assim, não consegui alcançar motivos do sorriso sem pausa, da completude universal, do segredo da vida. 

Pisar na linha tênue da neurose e da psicose e fugir de uma cisão eterna porque talvez a maior saúde que penso que poderia ter seria ser submetida a uma eterna cisão do nervo frênico, dançando músicas encostando numa cortina tão frágil que podia me acobertar de vez… e não consigo mais acertar o passo, o que é bom, dizem, mas que obscurece o segredo de toda a existência, da matemática e da metafísica... Não há retorno sem maldade.

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