Luz

Tento, por trás dos olhos, observar estradas e montanhas pelas quais andamos, mas não parece que sou eu e não parece que você existiu, não como se morto atualmente, mas como uma árvore que alguém só passa. Essência, cheiro, valor e, pior, sentimentos, nada. Sentimento nenhum. Um vazio misterioso que chega a fazer um certo tipo de cócegas, ora, não era em sua atmosfera que eu não tinha chão e buscava pássaros para sentir a proximidade de terra firme? E onde estão teus olhos agora que domei a fera? 

Ainda me pergunto se me falta caráter ou inteligência e lembro que tenho, não porque sua hora era a errada, por ser a hora de alguém que não tinha encerrado o tempo, mas, de luz acesa, pela corrupção do seu organismo perante a minha lei. Mas matar antes de entender o motivo é crime de toda forma, justo, é exatamente por isso que hoje, mesmo após achar o foco, ainda me pergunto o que me falta. A pergunta não cala, mas a resposta você me deu. 

Pois bem, não há teletransporte para a localização que um dia seus pés me ajudaram a andar, mesmo que em círculos, mas a andar, é como se nunca tivéssemos andado originalmente, apenas de forma virtual, enfeitada, programada, de alguma forma inútil, como se dito, desde o princípio do roteiro, que eu ia fechar a porta e você ia incendiar a casa, como se escancaradamente compreensível que queimar a casa é uma resposta, mas pela super instância com martelo na mesa não há como encerrar de vez as perguntas... Simples: não fechado a porta, talvez hoje só restasse ossos.

O caso é que a escuridão inacabável acendeu gradualmente e não sei te dizer se algum dia eu realmente não enxerguei, é como se não fosse eu que tivesse sido vendada e ao mesmo tempo como se fosse completamente, pois, apenas sendo por inteiro, daria pra diferenciar que não existe, agora que a dor já era, som ou tato que valha a pena de viagem nenhuma.



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