Totemismo

Quando tentado, outrora, subverter o insucesso para um insucesso maior, já disse, fracasso, não há como viver uma vida dentro de uma roupa que não nos cabe. A pura ilusão de não viver os dias em que vivemos resultaria, no máximo, em obrigatoriamente viver. 
Tudo tem seu tempo entre o céu e a terra. Fora disso, não sei. Mas qualquer coisa que se é entregue vem com validade e é importante não deixar vencer. 
Memórias aleatórias que nada tem a ver com a água que gira em torno de si mesma como, por exemplo, pimenta no arroz, caça a um frango. Nada sugere a água. Nada sugere nada. Resultado do cálculo que tentei fazer de 700 momentos desaparecerem com 9, conta que não existe embaixo do céu, enquanto em cima da terra. Uma tentativa inválida. Vez por outra vejo os 9 entrando nos 90, não porque eu seja incapaz de aprender, nem por ser incapaz de dizer não, mas como princípio humano de ter que lidar com o que bate e apanha no mesmo ponto, não como duas matérias dividindo o mesmo lugar, mas a mesma matéria dividindo duas ações opostas e não ter como calcular, não ter lógica pra calcular, reprimir e criar outra coisa aleatória. A culpa de não ter vivido como deveria atravessa 15 esôfagos em apenas 1 e supera o trágico, a mentira, a queda, o desprezo, quem não teve a ver. Lógico, nunca foi segredo que mais valia qualquer copo deixado no lugar errado pelo interno a uma prole abandonada por alguém aleatório. Não há comparação em nenhum livro porque é ilógico, mas o mundo lá fora não entra em mim e tudo que há embaixo do céu, enquanto em cima da terra, só existe aqui dentro. 
À humanidade foi entregue um modelo terrível que não sabe organizar o que tem e isso que soa a nós como ausentes de culpa, nos culpa ainda mais, entregamos a vida inteira para sentir culpa por não atingir aquilo que senta no centro de nossas cabeças todos os dias. 
Me dilacera não servir várias vezes para inúmeros papeis pelo que esperam que eu faça ou, pior, pelo que esperam que eu tivesse feito ou nascido, mas essa culpa só me banha porque, no fim dos cálculos, eu não sinto culpa nenhuma de ser absolutamente tudo que quero ser e aí invento credores que, hoje, é alguém que, um dia, teve outro DNA e que, mesmo por ausente contato gigantesco que tenhamos sempre tido, nunca deixará de ser e dizer que nunca deixará de ser é pesado, monstruoso, me atira em 20 poços dos quais, provavelmente, nunca sairei, por minha culpa? Culpa do totemismo e do tabu? Difícil resumir. 
Ora, o que tenho a ver com as decisões alheias? Nenhum livro precisa dizer, pois, é óbvio que nada. Como posso ser tão esponja para com todos? Ora, foi dito, quanto mais rígidos moralmente, mais sofrimento em nós mesmos. O que é completamente engraçado, pois em qualquer quebra de pulso, me desmonto, não me perdoo, lembro de pimenta no arroz enquanto a água cai, não pelos outros, mas pelo que faço, por como ajo, pelo que escolho, o que ouso respirar (ora, nem tem opções!) e sigo dilacerada em uma culpa milenar que não faz parte de mim, não sei de onde vem, nem pra onde vai, não é Deus quem me castiga por castigo nenhum, sou eu, o tempo todo, enquanto não atinjo papeis que jamais foram escritos. 
Não me custa o desprezo, o desamor, a incapacidade de doação, a troca, o abandono, a irresponsabilidade, o assassinato, nada é caro pra mim, sou apenas eu no espelho dizendo que não faça isso ou aquilo e, que quando fazendo para um simples chute no balde (para?) o mundo acaba, mesmo continuando embaixo do céu, enquanto em cima da terra, e mesmo que ninguém olhe. Afinal, qual é o sistema? Quanto custa respirar em paz? O quanto custou meses carregando 5x o meu próprio peso? A troco de que? Quem pagou essa conta? Antes, quem fez essa compra? 
A injustiça de derrubar todas as paredes quando finalmente as paredes eram tão próximas que dispensavam meios de transporte foi mais ou menos justa de quando houve derrubada também de paredes quando as paredes eram tão próximas que dispensavam não só meios de transporte como sequer andar na rua? Mais ou menos? Estava lá, em todos os lados. Estava lá na injustiça de não esperar o soluço passar e do outro lado quando nem esperou o choro começar. Estava lá. O que nos diz ser mais ou menos injusto? E o que 9 momentos se entrelaçam em qualquer que seja a casa decimal? 
Não há volta, não há espaço, não há células para um novo big bang, mas continuo cobrando boletos que não descrevem nada, não há contas para fechar porque, você sabe, não há credor.


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