Banana

Hoje queria comparar a alguma fruta que a gente esquece na cozinha ou qualquer outra comida que apodrece, mas ainda existe, ainda existe organismo, na verdade, existe mais, mas apodreceu. Queria fazer essa comparação e não à melhora da morte. Já falamos sobre a melhora da morte. Não sei se essa melhora existe aqui no Brasil. Talvez seja aquela banana em cima do armário que nem sei quem esqueceu e que nem sei como achei, se por Deus ou por destino. 
Os meses passaram e passam ainda e por semanas eu achei que eu podia ser considerada pasteurizada, não de saúde, mas do evento Você. Ainda antes de ontem quis fazer o que fiz durante nossa vida inteira: fugir pra meu local protetor, como fazem os viciados em drogas, suponho, não sei. Deu? Não deu? Sinceramente, também não sei. 
Rebobino alguns meses em velocidade aumentada e sei que estou bem, estou muito bem quando em comparação e aí tento avançar em velocidade aumentada e penso que estou apenas no vencimento da fruta para não falar da melhora da morte, mas já falando, porém, como posso avançar? Como posso? Porque não posso. 
É engraçado que fico ouvindo sua voz dizer que não consegue me imaginar com alguém. Não é muito engraçado? É engraçado que eu tenha anulado amigo atrás de amigo porque você é engraçado, pela sua graça tenho anulado pessoas atrás de pessoas, o que não me dói porque quando anulo, anulo o espaço delas, então não fica vaga, mas ainda assim é engraçado porque você disse que não se imaginava com alguém, o que é terrivelmente engraçado considerando a nossa vida e agora a sua. 
De toda forma, não posso avançar porque não tenho como e aí rebobino novamente porque a fita só pode ir, no máximo, para trás, e eu to bem, apesar de ficar ouvindo tanta graça porque a vida é escandalosamente engraçada. 
Alguém disse aqui nesse instante que o ponto é não realizar o que se quer tanto realizar, esse é o vício. O ponto é querer me anular para continuar me fazendo eu, como eu posso querer ir pra frente empurrando meus pés? 
Vejo os GIG na maternidade e desconsidero a problemática, como se eu fosse doida ou cega, sobretudo por fingimento, insisto em achar bonito. Eu não sei se tenho condições de impulso vital porque não sei se um dia aprendi. Eu disse que sabia o que queria e que tinha peito pra isso, mas quando enfio a mão nessa bolsa infinita, sempre solto e prefiro voltar com a mão vazia, então, olhando bem para mim, como posso estar tão certa de querer algo que só me serve quando eu não posso entrar?

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