Coragem

Nunca é muito difícil saber para que lado sopra o vento, mas a gente finge que não sabe. Nunca é muito difícil interpretar alguém e a gente finge, vez ou outra, sei lá pra quê, que está dificultando para os outros. Desde que acendi a luz da impossibilidade de escolher o que quero, vários corredores a mais se estenderam perante aos meus pés, o que é ainda pior. Não é fácil assumir o que desejamos. Não é. E aí eu assumi para mim e, desde então, ando a trancos e a maior dificuldade de assumir o que a gente quer é ouvir de si mesmo que você duvida da própria capacidade de poder ter o que quer. Eu posso ter o que quero? Porque ir atrás é diferente de poder. Tenho critérios para ter o que quero? Um demônio me diz que não, que nunca. E alguma voz minha diz que nem critérios deveriam existir para nada. Outra voz diz que não faz o menor sentido eu querer isso e discute justamente com a inicial: não escolhi, não tenho como escolher, posso desistir, posso fingir que não quero, posso jogar fora no dia que tiver, posso fazer qualquer coisa com meu querer, exceto decidir que quero ou não quero e aí, então, restou assumir. Eu assumi. A segunda parte é outro furacão. Eu não imaginava que após essa coragem meu corpo se tornaria tão livre no meio de tantas pessoas (e até de gente que eu conheço). É difícil se sentir bem. É muito deturpado para minha cabeça se sentir em paz. E aí eu me pergunto se tô realmente indo embora, acho que não. Pergunto se faltam opções, talvez. Mas acima de tudo é o medo de não servir para as minhas vontades. O que nem parece combinar comigo e ainda assim sou eu. Tenho sido finalmente completamente eu. Até onde poderei ir dessa vez? Algumas horas? Alguns anos? O resto da vida? Ou já zerou novamente?

                             

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