Curva aberta que descreve várias voltas em torno de um centro

Funcionamos em cima de padrões desde sempre. Alguns deles, nunca conseguimos quebrar. Outros, a gente só acha que quebra. E, ao percebermos isso, temos a falsa sensação de controle. Achamos que, por saber o que está acontecendo, e como está acontecendo, podemos fazer algo a mais e mudarmos o que somos. Nunca podemos. Todas as tentativas de alterar nosso ritmo nos levam para a mesma dança. 
Há 24 horas desejei ser um elemento da natureza e ter força suficiente para congelar o momento ou pelo menos parar de existir naquele instante porque considerei que acontecesse o que fosse após aquilo, nada poderia me surpreender positivamente como aquilo. E mais uma vez sou eu correndo atrás do meu próprio rabo e nem sei exatamente para quê. 
É terrível nunca querer pouco, nunca se contentar com o mínimo. Dayane me disse que não é certo esperar algo pré montado mentalmente. Júlia disse: "nunca esqueça dos seus critérios" e eu não digo nada, mas minha cabeça repete qualquer coisa que eu pense o tempo todo. O. Tempo. Todo. E é ridículo como eu só vou substituindo. É ridícula a forma como eu tento mentir para mim porque eu não consigo. Não sou quadrada o suficiente como gostaria de ser. 
Há 24 horas fui egoísta mais uma vez de querer que o mundo de alguma forma fosse bom para mim. Quando ninguém é gratuitamente. Nem eu sou, aliás. Toda minha bondade me custa meu sono para depois eu dormir em paz. O que também é ridículo. A minha existência é ridícula. 
Vivemos condicionados a roteiros exatamente como westworld e não podemos fazer nada. Qualquer via que eu pegue agora, já peguei. Se eu desistir e fingir que nada aconteceu, já conheci o caminho. Se eu tentar construir algo com as próprias mãos, também conheço o caminho. E a voz da intuição, que é a voz mais alta e que a gente mais quer ignorar (sei lá por quê) só me diz para eu não tentar segurar nada porque eu não tenho mais mãos.

 

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