Fôlego

Talvez pela idade ou por tudo que já li, tenho sentido progressivamente uma necessidade de ter uma cama mental branca, com muitos travesseiros e material caro, onde não possibilite a existência da vontade de sair. Tenho sentido necessidade de um apoio espiritual em meio a todo transtorno que tem acontecido, onde, ninguém mais, além de mim, tem permitido. 

Tenho sentido vontade de fugir de todo o cenário que me cerca diariamente. Ontem, ao receber a notícia que o pai de uma das minhas melhores (e poucas) amigas, morreu, quis justificar que tudo bem voltar pra você porque ele não era tão próximo a ela, mas o avô, que morreu há pouco tempo, era muito, inclusive próximo a mim porque fez parte da minha infância e adolescência, visto o tanto que ela mesma fez. Quis justificar, também, que a culpa não foi minha porque, no fim de todas as contas, nunca é mesmo. 

Mas, analisando anatomicamente, eu jamais não conseguiria sentir culpa nenhuma perante a tudo que acontece no mundo, como é o caso das várias pessoas que convivo diariamente. 

Há poucos anos fiquei preocupada de não estar te vivendo, nem me doando, como deveria. Hoje, depois de ontem, fiquei preocupada de estar apenas te vivendo e me doando apenas para você, que foi o que sempre quis, se analisarmos em retrógrada. Tenho sentido que algumas posições minhas estão muito erradas porque não é possível que eu tenha sonhado em nunca dormir direito. Preciso que você saiba que realmente estou disposta a fazer meu máximo, todos os dias, mas que, para isso, preciso estar inteira, logo, preciso respirar e saber que você não é o mundo inteiro, porque eu também faço parte dele.