Traços ou estados?

 Sinto meu tórax queimando internamente, próximo a pele. Sinto minhas costelas se reduzindo a pó, lentamente. E sei, o tempo inteiro, que elas não vão se desmanchar, assim como o resto do meu peito, tudo vai continuar onde está. Assim como eu não vou cair. Sei. Sei? A sensação fica distante, mas eu sei que vou continuar de peito aberto pra tudo que vai me atingir, vou continuar lutando por mim. Às vezes, contra mim. Sinto tudo isso, mas a eminência de um perigo invisível grita muito mais alto e sobrepõe tudo isso. Deixa o resto em volume mínimo, apesar de, graças a Deus, nunca mudo. Hoje meu dia foi ruim. Mais uma vez, como vários. Muita coisa deu errado e eu só queria não ter vivido aqui. Tenho a sensação de que amanhã será pior. E penso que devo escrever como uma fórmula mágica para que não seja. O que não sei, nunca sei, mas tento. Hoje, me sinto péssima e com medo de acordar assim de manhã. Com medo de ferrar o dia novamente ou ser passiva demais para permitir que o mundo, em seu desequilíbrio, consiga ferrar meu dia. Sinto um sufoco gigantesco, tenho certeza que tem algo me queimando ao mesmo tempo que tenho certeza que não. Hoje não tô bem. Gostaria de estar amanhã. Março, 13.


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