Clexane

Numa pequena parte isolada do tempo, que não pode-se conectar com o espaço, compreendi o que foi feito com minha unidade porque senti a necessidade de fazer o mesmo para me sentir segura. Digamos que não completa, pelo contrário, de forma nenhuma isso seria complemento. Quanto à segurança, talvez falsa. Sinto que não existe uma forma de me curar da destruição padrão que insisto em arquitetar. Não consigo organizar o meu tempo-espaço mental e concreto para deixar que alguém permaneça me deixando confortável, é como se eu não conseguisse dormir por achar que serei morta pelo alguém dormindo ao meu lado, mesmo sabendo que não dormir pode me matar também no fim das contas. Depois de entender brevemente o incompreensível, deu vontade de sucumbir ao esquecimento de mim mesma. É exaustivo tentar me manter saudável. Não existe uma parede interna intacta e fingir isso o tempo todo é insano. Odeio estar escrevendo esse tipo de coisa numa tentativa de psicologia reversa de não destruir o que vou destruir porque eu sei qual é meu padrão e por mais longo que tenha sido o tempo que passei tentando fugir, é onde sempre volto. Destruir é o meu melhor lar. Destruo o que geralmente me doo por tempos e tempos a cuidar, a ajudar a florescer, a ter paz, ajudo a confortar, rezo para que não me destrua, crio barreiras invisíveis para que não me destrua, mas meu padrão não é quebrado: vou lá e explodo tudo. E nunca saio a tempo. Pareço ter retardo mental o suficiente para cometer esse tipo de ação bizarra. Minha primeira intenção em aniquilar tudo é tentar minimizar o estrago de um abandono, mas nunca dá certo. Até hoje, nunca deu. Até hoje, nunca fiz diferente. Ouvi de um professor há uns dias e estou até hoje tentando entender e absorver: a gente consegue, sim, quebrar nossos padrões mentais. Em linhas resumidas, nossa mente é nossa, nós não somos dela. "Não coloque a mão no fogão quente." É extremamente simples. Não é fácil, mas é simples e lógico. Todavia, é como se eu fosse uma criança pré-escolar, consigo ouvir, mas não entendo o óbvio. Não conecto as vias do óbvio, me firo o tempo inteiro tentando não me ferir. E talvez por esse motivo eu consiga entender as pessoas que se ferem de formas expostas: só diferem de mim porque ninguém vê o sangue. Eu estou perdida há muito tempo. Não é absolutamente ninguém além de mim. A minha existência dói. Saber que não sei me relacionar me destrói e só quero ir embora para um local além-humano. Mas eu não consigo. Tudo em mim dói e eu só tenho a mim e talvez eu esteja me ajudando da forma mais correta da minha história, mas, talvez, eu não saiba mais me ajudar é de jeito nenhum.


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