Tudo: um bilhete de passagem

A vida nos faz cair diversas meses em cima da mesma pedra com algum propósito que, às vezes, por ser tão gigante e óbvio simplesmente ignoramos e, de tanto pensar que não estamos vendo, conseguimos não ver e disso deriva o conjunto de interrogações e angústias inexplicáveis no peito. Às vezes, pensamos que todo o tempo com os joelhos machucados é longo demais para que nossas costas o suporte, esquecemos que o corpo humano só sente dor se for capaz de suportá-la. Logo, seja lá quanto e o que for que estivermos sentindo, vamos aguentar, caso contrário o corpo bloqueia, o corpo apaga. A gente só sente o que consegue, então aguenta. A gente sempre tem a certeza de que os momentos bons são passageiros, de que nada fica pausado perante o furacão chamado vida. Só assim também são os momentos ruins. A vida não consegue parar nem para o bom nem para o ruim nem para o que não é nada. Vai passar porque tudo que existe passa. Todas as pessoas passam. E sobre as memórias que não passam, elas param, em algum momento, de arder. A gente sempre sabe que é assim, só finge que não lembra. 

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