Pacto de paz com o mundo

Devo estar em um momento divisor de águas da minha vida porque decidi que quero deixar de lado todos os meus comportamentos abusivos e mimados, ser saudável, estar em paz, respirar melhor e irradiar esse tipo de postura. É claro que esse tipo de comportamento deve ser utópico e nenhum ser humano consegue ser assim, tão zen, todo o tempo, mas não me custa tentar. 
Nesse momento, estou num caos de abstinência dramática. Penso que sou meio maluca por ser viciada em discutir o que se sente e colocar cada coisinha em sua determinada caixinha, como se relacionamentos pudessem ser meus quartos e eu pudesse organizá-los como bem me convém. Hoje, pela primeira vez, sem a presença de um término onde deixei alguém e este alguém chorou diante de mim, notei que é possível existir fragilidade em quem me acompanha. 
É possível que você tenha um milhão de medos igual a mim ou até dois milhões sem que eu saiba de 0,5 porque se pensarmos direitinho talvez você não saiba de 0,1 dos meus. É possível que você pense tudo que eu penso e é possível que com mais intensidade. É possível que você veja as fotos dos homens maravilhosos que curto nas redes sociais e sequer imagine que eu não teria a menor chance porque eles são gays. É possível que você deteste quando passo horas sem falar com você.  É possível que você tenha receio do que sinto pelo meu ex ou por todos eles. É possível que você tenha tanto medo de me perder que nem considere me pedir pra ficar por medo de ouvir a resposta. 
Um milhão de inseguranças são possíveis de existir em sua mente. Isso me faz pensar no quão louca eu já fui por sempre pensar que a frágil de todos os relacionamentos fui eu. E penso se em algum momento lá atrás eu exagerei e fui embora quando não deveria ter ido. Eu sei que isso tudo é uma viagem absurda e que seria tão mais fácil sentar e saber de fato do que você tem medo e o que está disposto a encarar. 
Eu sei, também, que talvez você realmente só seja mais um que na verdade tá pouco se fodendo para as minhas seguranças ou inseguranças e que só goste mesmo de sabemos-o-quê e que jamais vai pretender ir além disso e que seja a maior decepção que a vida vai me dar (e olha que já tive enormes) e que etc de ruim. Todas as coisas são possíveis e eu só não faço ideia de quais são mais prováveis porque atualmente quase ninguém mais joga limpo e com bondade, mas isso não me obriga a assinar um termo que devo ser assim também, não é? 
Porque se não for você, tudo bem também porque já não foi tanta gente e se eu nunca morri antes por situações iguais, como eu poderia morrer por você? 
Caso não seja você, vai ser alguém porque em alguma hora de algum lugar do universo vou encontrar alguém que jogue limpo e com bondade então me resta continuar jogando assim. Sou medrosa e queria fugir de você só para não correr o risco de você me abandonar, mas eu já fiz isso antes. Exatamente isso. E comecei falando que queria mudar, lembra? 
E tudo bem se você for a pessoa errada porque eu não sou. Eu não. 

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