Inconsistência

Para que exista coesão entre as partículas de um corpo (e entendendo este corpo como podendo ser uma situação, e entendendo esta situação não como um momento ou uma cena, mas uma inclusão em uma grande ou, pelo menos, considerável parte da vida) é necessário compreender, alguma hora, as coisas que não convencem ou que, por algum outro motivo qualquer, não conseguem se manter. Entendendo a falta de interação ou solidez dos corpos, entenderemos os estados líquidos e poderemos viver os gasosos. Só é possível entender como as coisas mantem conexões entendendo o oposto, como é com tudo.
Não tenho a vontade ou a intenção de fazer com que algo saia da abstração ou da completa concreticidade (quando uma coisa é totalmente tocável, não precisamos apelar para o mundo da imaginação). 
Às vezes, queria explicar sobre a rápida passagem dos momentos porque essa efemeridade não deveria ser baseada no medo de que alguém pegue uma corda e tente amarrar em sua perna ou dê um nó no próprio pescoço, não deveria existir nenhuma necessidade de assinar estes termos de silêncio onde não dá para quebrá-lo porque a outra pessoa saberá que há um desejo de aumentar a duração de alguma coisa que já possui tempo determinado. 
Em resumo: o que leva alguma coisa a não ser consistente se ela tem regras de tempo e de espaço? 
O que leva alguém a se esforçar a ser tão apenas de um momento se ela não consegue anular o esforço e partir para o relaxamento de ser apenas o que quer ser? 
Como sempre, não tenho um capilar de ideia sobre o que eu esteja fazendo porque eu nunca estou, de fato, fazendo alguma coisa a não ser manipulando os momentos para deixar o sentimento de ser ativo na mente alheia e me dar o prazer da passividade que ninguém aplaude quando não vista como prêmio no alto do topo. 
É, na prática, ainda tão incompreensível aos alheios que eu seja apaixonada ou tão viciada em atuações motoras que não dá para chegar e explicar que estou buscando apenas todos os tipos de reflexos similares aos patelares e não esperando algum pensamento. Não precisa pensar, só deixar a coluna responder. Mas é impossível, mesmo que eu fosse ativa, chegar e explicar isso porque no momento que uso o discurso pensante já assumo postura de precipício. E (quase) ninguém nunca quer pular a toa.
Seria totalmente interessante e nenhum desses questionamentos seria tão cansativo se toda a minha atividade propriamente dita não precisasse de um tempo de processamento tão longo que só se efetua quando todas as músicas acabam e todos os figurantes vão embora.

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