estratificada pavimentosa queratinizada

Existem pontos de saturação em qualquer sentimento. Até nos bons. É horrível que em um ápice de felicidade você ouça seu organismo sussurrar baixo por alguma pequena dor. Acredito, eu, já ter pulado esta parte, apesar da felicidade ter virado rotina e nenhuma rotina ser boa, ousei, como adulta, encarar a chatice, o calor, o tédio e a procrastinação como suficiente substituição em locais de pedido de dor. Eu não quero pedir dor. E nem irei. Pois sei que ela dá sempre um jeito de surgir das profundezas dos nossos infernos e, sorrindo, nos abraçar. Então enquanto ela se alimenta, permito-me, também, me alimentar. 
A nossa dor e nosso inferno sentimental geralmente parte de um organismo secundário e fisicamente completamente alheio a nós. Não falando, claro, pelos xifópagos. Queria dizer que sou mais pássaro que vegetal e que preciso de muito movimento e quem não voa, não me acompanha. Dizer ainda, que, o mundo por não ser quadrado e muito menos plano, permite voos que dão voltas e passam várias vezes pelos mesmos locais. Queria, ainda, te fazer entender, que algumas situações são totalmente epiteliais e hormonais, o coração não entra. Aliás, o coração nunca entra. 
Qualquer hora, me apaixono pela cardio, mas só depois de aprender alguma coisa porque, juro, apesar de parecer ter um doutorado em funções cardíacas, eu não tenho é nada e não vejo ele participando de ninguém. Aí culpo os hormônios que me transformam em criatura animalesca para dizer que adoraria causar um trabalho a mais em suas sudoríparas, vasos sanguíneos e PA, fazer seu SN concentrar-se apenas na dupla axial e apendicular a sós em uma caixa quadrada de concreto e ver que o mundo não é nada, o mundo não é ninguém. Mas sem a bomba principal ser colocada em questão porque, de última tentativa, nós falhamos e eu sempre falho com ela e ela sempre falha comigo. 
Queria explicar que nada disso vai além da derme, que tudo é superficial mesmo e que, se não for, estou fazendo o maior esforço do mundo para que seja. Adoraria que você entendesse, entraria em estado de explosão de sucesso se o mundo entendesse que meu cérebro, apesar de mesma origem ectodérmica, não tem nada a ver com a minha pele. E não vou me desculpar porque desculpa é vaidade e ninguém precisa de vaidade quando se está completo. Hoje reparei que na falta do amor do mundo por mim, supri toda esta ausência com meu próprio amor. Eu já nem sei se não me enviavam amor ou se, apesar de enviado,ele se perdia no caminho. O que sei é que toda a sustentabilidade que minhas pernas e cabeça adquiriram veio da falta. 
Uns passam a vida inteira culpando o estrago que um buraco faz, outros, e nestes outros, inclusa estou, preferem preencher, mesmo que seja com a única coisa que têm. No caso, fui preenchida comigo mesma. Agora, queria que seus metacarpos tivessem emprestada, por alguns momentos, não levando em conta tudo que choramos e morremos, a camada córnea de quem vos fala. E apesar de quase todo querer ser poder, prefiro não fazer nada. Não por preguiça nem por alguém, nem por já ter feito demais, nem por, há mais tempo, ter feito de menos, apenas pelo querer não ser suficiente para me movimentar de onde fui deixada numa nuvem de imaginação futura e passada, sentimentalesca e bruta. Onde, depois de abandonada, precisei ouvir que a atmosfera era sombria e pesada. Engraçadas são as pessoas que tingem seu mundo de preto e acham que tem alzheimer suficiente para emitir opiniões nervosas de burrice. Fui deixada na nuvem, mas se você tiver a estúpida coragem de me procurar lá, a única sombra será a sua. Creio que todo bom texto precisa de um ponto


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