Desde que você parou o carro para me deixar sair dele, meu coração ficou do tamanho de um caroço de ervilha comum. Eu sabia que meu corpo, especialmente minha cabeça, estava encarando a realidade como se existisse apenas do outro lado do mundo. Sabia, ou só imaginava, que alguma hora ia ver o que eu tinha feito. E que ia doer. Desde que você puxou o freio de mão, meu peito não para de doer. E só posso chorar no chuveiro para não mostrar ao mundo que só tenho sete anos mentalmente e que não sei ficar longe de casa. Entendendo por casa como sendo você. Uma amiga vai dizer que sou louca, ou até mesmo sua voz diria, já que eu reclamava até da sua respiração (literalmente enquanto você dorme (procura um jeito de parar de roncar, pelo amor de Deus)). Eu mesma, em algum outro tempo-espaço me diria que estou sendo uma vergonha, que faz tempo que não dependo do amor de alguém para sobreviver e que, acima de toda esta loucura, você não me deixou, quem te deixou fui eu. Mas não como o fim de uma relação... É só uma viagem. E é aqui que o bicho pega: se eu preciso que alguma outra eu tenha que me lembrar que estou apenas viajando (por três meses, meu Deus do céu), então eu estou com problemas. Nunca antes, em onze meses, foi tão difícil e cortante imaginar minha vida sem você nela. Tô louca e chorando e querendo morrer para não sentir isso tudo. Não vou te dizer nada disso com todas as letras, claro, porque fazendo isso você ia embora. Com medo. Ou sem medo nenhum já que ninguém tem medo de ficar sem alguma coisa que já é totalmente sua. Eu sou totalmente sua agora. E queria ser totalmente sua sem ter tantos quilômetros entre nós.

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