Mais do mesmo

Fico tentando lavar minha alma pelos olhos, mas quanto mais ela é lavada, mais suja parece ficar. E essa lavagem, se for completa, digo completa de demora, machuca minha cabeça. Como sempre foi. Como, provavelmente, sempre será. E eu digo isso como se minha existência fosse estagnada. Não como se estivesse, mas como se, realmente, fosse. E isso dói na alma, sujando a coitada. Todo maio é igual. Todo o mundo é sempre igual. E me machuca de uma forma inexplicável que apesar de tudo soar sempre tão a mesma coisa, eu esteja passando. Como andar em um círculo pequeno e exaustivo. Porque eu estou virando outra. Ganhando mais números nas costas. E resumindo a única diferença a algo que não chega e que um demônio em mim insiste em gritar que não vai chegar. E esse mesmo demônio é quem me põe a circular e também a pensar em tudo que já doeu e que mesmo sarado, parece escancarado e derramando minhas células por um buraco que não fecha e ele fica me dizendo que nunca vai fechar. E eu queria tanto tirar tudo isso da minha mente, mas ele diz que não vai sair. E aí dá vontade de matar essa existência à parte, mas aí ele me diz que não tem nada à parte, que tudo é conjunto.

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