Evolução Robótica

O pensamento coletivo é induzido pela proposta sistemática da civilização contemporânea: produção. Quanto mais alguém consegue produzir, melhor cidadão é. Não é sem sentido que apontar um indivíduo como improdutivo é um insulto. Todavia, maquinaria e anatomia humana ainda possuem significados distintos.
O mais evoluído e complexo organismo conhecido é dotado de mecanismos que respondem de forma eficaz a estímulos ambientais. Uma pessoa saudável deve encontrar-se em equilíbrio físico, mental e social, isso significa que a sobrecarga de um desses fatores tende a afetar os outros. Assim, alguém doente não estará necessariamente imóvel em uma cama.
Uma das mais nítidas diferenças entre um homem e o restante dos animais é o trabalho. Dessa forma, a negação completa à produtividade seria também a não aceitação de inclusão na própria espécie. Ao mesmo tempo que o esforço excessivo para igualar-se a um computador acarreta numa deficiência, a ausência total de atividades anula o princípio básico da humanidade.
O mundo atual acredita cada vez mais que tempo é dinheiro, que dormir, sentar ou respirar pode esperar. É deixado de lado, porém, que quase toda a evolução antropológica foi dada em cima de uma segunda capacidade exclusiva dos humanos: raciocinar. 
Nenhum raciocínio é feito sem a soma de pensamento e reflexão. Nenhum desses, feito sem o emprego de um tempo. Com o abandono de fatores assim, não assombra ser possível que alguma hora exista mais uma vez a seleção apenas da natureza. E, talvez, algum dia, a transformação em tão sonhados robôs, com a extinção do que, por anos, foi o ponto máximo evolucionista.


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