Liger

Fico com medo de passar um tempão sem textos e em um futuríssimo dia que eu queira fazer um, não saia nada e tudo que tenha de saldo seja os antigos, o esôfago torcido, sombras e angústia. Porém, ao mesmo tempo tenho medo de forçar um texto e fazer pingar tristeza. 
Como já cansei de escrever, não sei falar sobre estar bem. Vou falar que hoje tenho um relacionamento tão bom que me suspende no silêncio e só? 
Posso dizer que engordei por ser feliz, que pinto a unha toda semana para ele me ver bonitinha, que me arrumo toda fofinha para me sentir bem e o deixar bem. E que, aos domingos, deitada o dia inteiro com ele na minha cama de casal (tenho hoje uma cama de casal; aquela que prometi não comprar), não me arrumo nadinha, fico com uma roupa de dormir, assanhada e sem maquiagem. Porque é domingo. 
E porque até assim ele me quer. De fofa à maltrapilha. E agradeço por, de longe, de muitíssimo longe, ter encontrado a melhor pessoa a passar (tomara que fique) pela minha vida. 
E o texto poderia acabar. E qualquer outra coisa giraria em torno apenas do "sou feliz". 
Mas será? 
Minha vida toda não é apenas meu relacionamento perfeito com meu namorado. Nem a soma disso com o meu atual estável auto-relacionamento, ainda há outros quinhentos. E os outros quinhentos já estão também em todos os outros textos e eu não tenho mais nada para falar além de que dói e que eu não consigo saber se tá tão perto ou tão longe da dor acabar ou de virar outra dor.  
Esse ano eu estaria me formando e você pode pensar "nossa, coitada, trocou tudo por nada" e eu poderia pensar também, quer dizer, vai ver eu até penso isso vez ou outra, ou até várias vezes ao dia. Mas e aí? Eu faria o que com esse diploma? Ia guardar? Queimar? Eu não queria de jeito nenhum. E poderia estar bem perto de obter qualquer outro também. E não deixo de pensar bastante nisso. Mas e aí? Não. No fundo, não queria. Não ia usar. E apesar de concordar que existem inúmeras pessoas melhores e mais inteligentes que eu, afirmo também que nenhuma das que eu conheço está tão satisfeita por ter escolhido sozinha o exato caminho por onde andar. E esse é o meu. E tem me faltado palavras para textos e... Ainda bem. 

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