Só se for contigo, só contigo, duas noites no deserto.

Você disse que eu estava te "devendo" uma carta e o que eu fiz agora foi abrir aqui o editor do blog, porque nem no word escrevo mais, mas eu ia falar que não escrevo cartas porque não sei ou porque, segundo uma teoria minha, dá azar, então pensei que como eu estou te "devendo" uma carta, eu poderia escrever tudo que eu conseguisse aqui na janela que sempre escrevo meus textos e depois transcrever para um papel, mas olha como eu já comecei isso. Aí eu poderia cortar tudo que falei até aqui e começar a falar de você, diferente de tudo que já escrevi antes, que sempre foi sobre mim. 
Mas eu não posso falar de você sem falar de mim. 
Do que eu era antes e do que sou agora. 
De como eu enxergava e de como eu enxergo. 
De um dia que li um texto da minha cronista preferida e passei a tarde querendo morrer e de outro dia quando ela escreveu sobre o tinder e passei a tarde olhando para sua foto. E que, como você, também pensei que "não daria certo, acima de tudo, por ser uma pessoa que tinha um tinder!" e, além disso, que você era bonito demais. E quando alguém é bonito demais tá bom, não cabe mais. 
Mas aí coube. 
Inteligência de sobra para, antes de tudo, escrever tudo certinho. Já pensou nessa sorte? Conhecer alguém lindo e inteligente? No tinder? Pois é. E, tá certo, vamos dizer que talvez você tenha esse humor que diz ter. Uma coisa a mais. E, meu Deus, quem ia completar uma letra de Pitty no meio de um estacionamento? Se fosse de uma banda aí das modas, ia aparecer gente correndo e gritando pra completar, claro, mas isso não vem ao caso. Ok, vem sim! Você é uma espécie em extinção. 
Ok, estou exagerando já. 
Mentira, não estou exagerando não. 
É ruim que eu tenha que sentir saudade de você cinco dias por semana, às vezes seis e às vezes achar que esses dias são mil anos, mas é muito ótimo demais que todos os segundos que eu passe contigo possuam a minha vontade de ali estar. E que acabou a tristeza de viver com textos tristes. Ou comigo triste. E que eu não preciso mais me estressar com qualquer coisa e que, mesmo que o estresse venha em forma de tremor das pálpebras, você vai beijar meus olhos no final de semana e pronto! (Acho que isso foi a coisa mais fofa que escrevi na vida). E é isso. Eu sei que não temos em mãos o controle da vida e não possuímos o dom de prever um ciclone que possa atravessar as nossas vidas (como diz Humberto) e que de repente tudo pode parar de fazer sentido, mas eu, logicamente, não estou à espera disso e não tenho nenhum plano de ir embora cedo. Ou tarde. Não tenho nenhum. 
E a verdade é que eu não posso falar de mim hoje em dia sem citar você.
Pronto, tá aí a carta que eu devia. E vai ficar online mesmo.

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