Solidez da fragilidade

Você estava falando alguma coisa na tentativa de soar divertido. Deixei meu corpo perto do seu e fui passear com a alma. Mais uma vez, acho que minha caixa de opções são dos extremos tipos de seres humanos. Você realmente difere de tudo que já vi antes. Mas a maioria dos anteriores também diferia. Nunca escrevi a palavra "diferia" mesmo já tendo visto tanta gente diferente. Tem gente anterior que não servia pra fazer piada com a gramática. Não ia entender. Você entende a maioria. Às vezes, a graça se perde porque minha dicção não facilita. A culpa, portanto, é minha. Eu não consigo saber se você realmente gosta tanto assim de mim. Tem dias que parece. E nos dias que mais parece, mais me dá vontade de levar meu corpo no passeio junto da alma. E te deixar. Acho que tenho um seríssimo problema em lidar com gente que gosta de mim. Detesto admitir isso. Mas tem dias que não. Que você é um não e um não bem distante. Como se morasse na outra ponta do país. É assim que te sinto mil vezes por semana. E me incomoda te sentir tão longe. Mas me conforta não poder fazer nada. E saber (ou imaginar) que você também não vai fazer. Seja por não poder ou por não querer. E aí eu fico bem e tenho vontade de levar minha alma e meu corpo pra perto de você. Como se eu fosse um objeto que quebrou e funciona às avessas. Como se a minha maior segurança fosse a incerteza. E aí eu escuto sua tentativa de ser engraçado que na maioria das vezes funciona, não sei se por real êxito seu ou por minha presença para contigo que advém do cansaço de mil batalhas internas, das férias de várias insanidades, do conforto que eu sinto por não precisar voar e ter a opção de cair. E aí a gente ri, sem forçar a mandíbula. E de novo quando eu acho que vai ficar tudo sem graça por você gostar tanto de mim, eu paro de saber. E fico tranquila com minha doença que é minha saúde.



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