Sinto tédio de quem acha super interessante se entorpecer
numa noite e ter que fazer um outdoor para mostrar o quão divertido foi. Sinto
tédio porque já perdi o interesse. Antigamente, eu sentia porque era metida a
politicamente correta. Hoje, sou incorreta apoliticamente. Na transição do
antigamente pro hoje, achei super interessante perder oitenta noites na rua. Ou
oitenta e sete. Mas tudo que é super, veio de um nada. Ou torna-se,
posteriormente, um nada. Ou ambos. Uma vez me disseram que sou de fases. E
minhas fases são as pessoas. E essas pessoas são divididas em tipos. Às vezes,
estou com gente sã. Outras, com neutras. Agora, com maravilhosas. Eu tenho uma
preguiça que grita a cada vez que vocês fingem ter quinze anos implorando por
dezoito. Sinto uma paz diária ao ter por perto alguém diferente dessa sacola
cheia de repetições. Ainda bem que existe água corrente. Fica, vamos continuar
nessa vidinha saudável. Não estou dizendo que nunca mais quero virar as
madrugadas. Quero oitenta vezes oitenta. Com sua mão. Seu sorriso a cada sílaba
pronunciada. Sua barba deixando meu queixo vermelho. E que menos de cinco horas
por semana se tornem alguma coisa a mais. E até com todo mundo que finge que
não tem com o que se preocupar. Qualquer hora, possivelmente, vou querer
também. Já que sou de fases. E que todos são. Mas eu escolho a mim. E escolher
a mim, me faz ganhar um pouco de você. E ganhar um pouco de você, me faz dormir
cedo e acordar cedo. Como se eu tivesse crescido. Como se eu fosse feliz. Deixa
que mais tempo me permita olhar você se olhando a cada espelho que passa. Fica
aqui. Senta. Vamos ver o tempo que passa. Sem ignorar a vida.
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