Lembrete da origem funcional

Seu objetivo era me fazer chegar a um x, tal que x era benéfico para mim, inútil para sua vida e um ponto a mais no seu ego. Obviamente, eu também tinha a intenção de chegar a x em todos os momentos que nos submetíamos juntos a uma condição y. Mas tudo isso, em algum momento, parecia pesar mais para você que para mim. Voltemos à lista inicial: benéfico para mim e um ponto no seu ego. Ambos não têm grandeza suficiente. No momento de descoberta de x, devo ter pisado em seu bem-estar de tão bem que me senti, mas você se recuperou em minutos. E ao meu lado. 
Você me recupera por perto, mas parece só se recuperar estando longe. 
Isso mental ou espiritualmente. Quando falei antes, era tudo físico, para o caso de não ter entendido ainda. 
Quando falei antes do antes, eu não estava presente quando estava por perto. 
Mas você segura minha mão e me puxa de onde eu me escondo, que nem é um esconderijo tão seguro. 
Você me segura pelos braços e me coloca no meio da sala recebendo um pouco de luz natural,  me faz te encarar enquanto você diz que eu preciso parar de pirar e que eu te tenho por perto e com segurança. Sua voz é tão alta e segura que se torna baixa e insegura quando alcança meu estribo, bigorna e martelo. 
Espera que eu tenha uma reação derivada do seu colapso nervoso. Como eu poderia ter? Minha visão está queimando com a claridade que você acabou de me enfiar, meu corpo comemorando a pressão nos meus braços por notar que ainda está vivo e metade de mim pede para que você pressione ainda mais só para eu saber que você está reagindo a mim e que isso me faz sentir. Sentir que você sente. Como eu posso ter uma reação se só encontro o oposto em tudo que você fala? 
Aí você desiste e vai embora. 
Eu também desistiria, como a maioria das pessoas, imagino. 
Mas agora você me forçou a estar presente porque eu não posso lutar contra os seus braços. Você sabe que os seus, sim, têm força suficiente contra mim. Os seus. Os seus, sim. 
Agora você joga, de novo, uma tonelada de ausência.
A exceção é o x.

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