Hipoestesia

Que é necessário sentir para saber que está vivo, está na testa, mas que todo sentir é sinônimo de dor, é cômico. 
Ter algo enganchado na traqueia e/ou no esôfago e não ser sentimental é uma situação que me transporta à estabilidade emocional, como eu já sei que jamais ficarei doente nos três aspectos citados pela OMS, para o significado de saúde, o mental, automaticamente, veste a capa do "estou numa boa", aí aparece gente lesionada por todos os lados como se a culpa fosse minha. 
Quer dizer, pior ainda, me dão todas as placas mímicas de que a culpa é minha e quando sento para conversar sobre eu não ter responsabilidade sobre a vida de pessoas que nem são meus parentes e muito menos meus filhos, levantam a voz de que entendi tudo errado, como se eu fosse chorar por me sentir burra, no entanto, apenas me levanto e volto para casa para voltar a cuidar dos meus sistemas fisiológicos enganchados por um cadáver. Porque antes de me sentir burra por ler palavras que, com provas, foram escritas, tenho preguiça de gente que finge que é perturbada.
Mas continuam com a mímica do "estou indo embora", sabendo que o meu "estou indo embora" sempre é dado pelo silêncio e ausência com a dignidade de quem já foi. Entende a nossa diferença, agora? Não preciso ligar para um trio elétrico ir na sua porta avisar que estou indo embora, apenas vou. E queria que você fizesse o mesmo. Não tenho condições de gostar de alguém, muito menos de você, que já sapateou em minhas meninges, enquanto eu estiver à base de remédios para o corpo. Eu estar passando mal de um lado significa, em alguma instância, que estou perfeitamente bem de outro. 
Na verdade, esse auê todo não passa de uma inflamação. Assim como você foi ou é. Mas Deus é quem sabe de verdade o que raios você é ou quer. 
Tentei vomitar para cuspir o cadáver e você acha isso estranho. Tentei dizer que não sinto nada por você, mas você acha isso estranho. Mas eu vou fazer o que quando não existe opção de ação? Tentei sentar quieta enquanto você dança, mas você achou estranho. Tentei dançar contigo, mas você também achou estranho. E então você veste a roupa de quem não se importa mais, fingindo esquecer de que é dessa forma que todo mundo importa-se até explodir de importação e exportar-se. 
Infelizmente (ou feliz para alguém (talvez para mim)), todos os meus atos em relação a nós derivam dos seus. Exceto quando você finge descaradamente que sou importante. Parece que nem seus próprios olhos acreditam em sua boca, o que podemos concluir, então, dos meus ouvidos? 
Mas eu só quis dizer que chega de tragediarizar! Quer dizer, ainda tem que ter muito choro pra ser possível acender velas, mas não confundamos a vida com um desespero. Eu estou aqui como sempre estive, mas não ache que o "aqui" refere-se à sua porta. Não rasgue a pele e corra para se esconder achando que eu vou te procurar para costurar. Não finja que sente de menos, mas, tente com mais força não fingir que sente de mais depois de já ter me dado uma carta telepática de que, por aqui, ninguém sente nada ultimamente.


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