Insucesso da impressão deixada por quem quer impressionar

Uma vez, respondi que o que me fazia considerar alguém inteligente era a capacidade dela em ensinar alguma coisa aos outros. Qualquer coisa sobre qualquer coisa, mas que soubesse. Ainda acho que acho isso. 
É engraçado o conceito que as pessoas têm na definição de auto-inteligência (não sei usar hifens, nem sei porque usei agora). Ter uma gramática impecável me faz ter vontade de tirar a roupa, admito, mas eu entendo que isso não é tudo. 
Ok, isso é quase tudo (para mim). 
É quase tudo porque pessoas que não faltaram às aulas de português-br devem ter aprendido que não existe necessidade em ficar falando sobre autores esquisitos ou famosos para impressionar alguém. Assim, a pessoa além de falar corretamente, fala sobre coisas legais. Certo, acho que isso só se encaixa em duas pessoas que conheço. Uma delas, sou eu. Não, tem mais. Que alívio! (Note o tom falso que o alívio recebe ao ser seguido de um ponto de exclamação.) Mas eu nem conheço essas duas outras pessoas das quais lembrei agora, portanto, volta a ser só duas. Na verdade, uma e meia. Uma sou eu. A outra é só metade de coisas legais, sei lá, talvez daqui a pouco eu descubra que até esse cinquenta por cento foi eu que inventei. Aí volta a ser só eu. Eu sou tão legal que fico chata e irritantemente calada na mesa de um bar. Quem fica calado na porra da mesa de um bar? 
Eu. 
Por que vocês têm medo do silêncio? 
Enfim, o texto ficou complicado agora que eu estava falando sozinha, mas agora voltarei a falar com você. Pois bem, é cansativo demais quando alguém começa a matracar sobre coisas que não são do nosso interesse. Interessante que aprendamos coisas novas, claro, citei isso no início, mas é desgastante, por exemplo, que eu te chame para sair e, de repente, você quer ser um juiz ou um ator e eu comece a falar das páginas de Feltre. Se você não sabe quem é, vai ficar "Quem boba é Feltre, meu Deus, do que essa louca está falando?" ou, se sabe e é uma pessoa normal, vai entender que Feltre não vai ser tão interessante para sua vida que segue para um tribunal ou um palco-barra-câmeras. Entendo que existe a possibilidade de você ter uma vida nada relacionada com Ricardo e ainda assim adorar falar sobre as questões dele, mas aí você é um caso excepcional demais com mais chances ainda de ser insuportável por ser tão legal. 
Então, é isso, as pessoas mais inteligentes do mundo são aquelas que tem a porcaria de um bom senso. E estão em falta porque bom senso deve ser ensinado em aulas de gramática. 




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