Espero que eu não sinta vontade de dizer meu nome a alguém que queira saber por ter a intenção de alguma coisa a mais. Ou que eu permita que alguém comece a ter alguma vontade em relação a mim. Acho que só um oncologista para gostar de mim de verdade. Está complicado abrir a porta, alguma parte de mim sabe onde ela está, mas o resto das minhas partes sabem o quanto é difícil querer sair disso. Mas eu queria. Eu juro que eu queria, porém, ao mesmo tempo que juro, não sei exatamente se quero, porque acho que é isso que as pessoas burras precisam: aprender. E não estou me chamando de burra para alguma finalidade reversa. Faz tempo que me sinto assim. Não consigo escrever alguma coisa com sentido que traduza o que eu sinto. Parece que um elefante entrou pelo meu esôfago e ficou enganchado e esmagando o estômago e a comida não quer passar, aí eu preciso pensar em qualquer outra coisa, como, por exemplo, a banheira da nova casa de Wilson e como a casa dele é legal , mas estava vazia. E depois em como ele teve um bom gosto para mobiliar. Depois em como ele fala todas as noites antes de dormir com a namorada que morreu, aí eu volto a pensar que eu também faço isso, a diferença é que você não morreu. Aí a comida vira chumbo, mas pelo menos já desceu uma parte e minha hipoglicemia não vai me atacar por algumas horas e que eu não vou precisar morrer de tristeza, mesmo que eu queira virar uma sacola e não sentir mais nada, e sair flutuando por qualquer vento, como em Beleza Americana, que eu assisti por sua causa. E eu não quero postar esse texto porque imagino que você vá ler, como disse que fica lendo. Eu não quero te dizer que está doendo porque você já sabe que está. E eu nem sei porque eu não quero já que não vai mudar nada você ler o que já sabe. Tem muita coisa que eu sinto falta, mas tem muita coisa que eu não quero. Sinto falta de ver muitas pessoas por semana. Falta de muita gente que gostava de mim quando eu não gostava. E é horrível ter que optar por ser quem eu quero e fazer o que eu tenho que fazer para me olhar no espelho e não me odiar, para conseguir dormir num bom relacionamento comigo. Isso é horrível porque eu preciso abrir mão de quem não gosta dessa parte. Eu não consegui dormir essa noite até quando me forcei a pensar em que cidade Cameron poderia estar ou de como Chase estava bem mais bonito com o cabelo curto. E quando eu acordava no meio da noite, pensava nas questões de botânica que acertei, que algum tempo atrás eu jamais acertaria. Eu só consegui dormir porque tive que te expulsar aos gritos de minha mente, mas quando eu abri os olhos, o ar estava denso como algum metal, como se eu estivesse respirando alguma coisa que não queria ser inalada. E não é a primeira vez que é ruim dormir e ruim acordar, mas da outra vez alguém tinha me dado doze motivos ruins para sair da situação e você me deu doze mil bons. Então, como eu poderia sair disso? Primeiro que nem me perdoar eu consigo, segundo que eu nem sei o que está acontecendo, mas terceiro que eu me conheci o bastante para ter a total certeza que eu não sei quem eu sou e nem sei fazer alguma coisa certa. E eu não devia publicar isso, mas não quero adiar alguma coisa como eu fiz com um caderno. Quarto: acho que não gosto mais de mim.
Comentários
Postar um comentário