(in)segurança mental

Ontem eu estava no carro com minha família (sim, porque há tempos que tenho estado muito presente familiarmente) e quando paramos no semáforo, imaginei o que eu faria se começasse um tiroteio bem ali. Deitaria por cima do meu primo de seis anos, não sei se por ele ser o mais novo (e indefeso) e isso signifique que eu tenha instintos maternos (instinto materno? eu?) ou por ser praticamente a posição mais rápida que eu assumiria, não sei, mas foi a conclusão que pude chegar. Quando chegamos à farmácia, fiquei esperando em pé na calçada perto de três viaturas policiais e automaticamente pensei que, de um segundo para outro, alguém podia encostar uma arma em minha têmpora direita (ou esquerda, acho que dependeria do cara (e por que não uma mulher, né?) ser destro ou canhoto) e me fazer de refém e então saí de perto daquilo. No meio de um banho, por volta de seis da manhã, de algum dia dessa semana, provavelmente ontem (também), já que hoje é terça, ouvi um barulho na cozinha e comecei a pensar o que faria se minha casa fosse invadida. Dentre as opções, eu podia ir até o quarto ficar com o meu primo (o mesmo do começo) ou permanecer no banheiro e de novo optei por ele (ohhh, mereço um prêmio de bondade!). O barulho na cozinha foi Lixinha. Quando estou no trânsito com alguém, sempre que passo por um cruzamento, vejo algum veículo (vejo do verbo imaginar) vindo em alta velocidade e arrebentando o que estou. Sempre que alguma moto passa por mim, sinto minhas adrenais a todo vapor para liberar adrenalina porque acho que a pessoa tem como intenção principal me causar algum trauma ou algo a mais. Não passo mais por uma rua deserta sozinha e em casos onde sou obrigada a isso, passo correndo ou chorando. O choro é mais pelo motivo de eu achar que se alguém me ver naquele estado, vai achar que eu já fui assaltada ou algo do tipo. Mas ainda tem o problema de eu achar que alguém vai me matar por nada, por motivo nenhum já que eu nunca cometi algo suficientemente ruim para que alguém tenha motivos de me matar. Ou será que já? Isso é uma pequena parte do que a nossa querida violência social fez com minha cabeça depois de cinco assaltos e inúmeras cenas escrotas (detesto essa palavra) pelas ruas. Obrigada, segurança nacional!