Café, canela e capitalismo

Adoro cappuccino. Embora isso soe meio chique, não é. Ou é? Não sei. Se eu tomo, não deve ser. Mas não digo que não deve ser porque quero me forçar a ser da população contra-coisas-chiques-barra-capitalistas. Mas é bom, é maravilhoso, é... Sensacional. Ponto final mesmo para não ser um exclamativo. Odeio pontos de exclamação. Poucas coisas soam mais falsas que pontos exclamativos. A primeira vez que tomei cappuccino foi por indicação da minha madrasta. Estávamos assistindo a um filme onde um tira (aqui você já nota que o filme não era brasileiro e pior: era dublado (nunca vi um filme dublado com ela)) entrava em seu local de trabalho com dois daqueles copos brancos que hoje eu sei que são de café. Naquele tempo eu não sabia e por isso perguntei a ela e por isso ela me mandou tomar cappuccino e por isso tomei. Tomei em Brasília. Mais precisamente no Aeroporto Internacional de Brasília. Isso soa meio chique. Mais precisamente em um copinho de 100ml. Ou seja: quase nada. E quase nada por incríveis seis reais. Não sei o que passa em minha mente quando pago por coisas assim. Não que eu queira acabar com a mais-valia (e não que eu não queira), mas eu não sou alguém que tem um suor chique. Pois bem, eu pagaria de novo porque foi bom, maravilhoso, sensacional. E me apaixonei. Depois fiquei tomando numa lanchonete local que é meio chique. Dessa lanchonete, eu só tomava o cappuccino, o suco de uva e a torta alemã. Só. Já eram (ainda são, aliás, agora devem ser bem mais) caros, mas eram coisas que compensavam gerando apagões de problemas. Até que um dia passei a tomar cappuccino feito em casa, comprado em potinhos nos supermercados. Todos eram horríveis até eu descobrir o porquê. Tinham canela. Odeio canela. Uma vez precisei tomar chá de canela por motivos que não cabem aqui. Canela é de deprimir. Desde que descobri que cappuccinos ruins são aqueles que contêm canela, ando nos supermercados lendo os rótulos das embalagens de café que não têm. Ironicamente são quase sempre os mais baratos.



Comentários