Suprir

O resultado indicou substituição. Pela lógica, eu não odeio a existência de alguém em alguns dias da minha vida porque ele (este alguém) gerou uma impossibilidade de salvar algo que eu tinha atirado no mar. Eu odeio (ainda pela suposta lógica) por ter me sentido mal e ter sido deixada para lá. Até aqui é fácil demais entender que eu substituí uma causa por outra: no lugar de surtar por alguma coisa, preferi surtar pelo mais nobre para mim. Não somos todos assim? Sempre queremos expor motivos nobres para as nossas piores falhas. Somos todos, sim. A análise que faltou foi a da culpa alheia. Eu não posso me responsabilizar por atitudes que não são minhas. Não estaria eu triste pelo motivo real se toda essa confusão não tivesse sido criada? Continuando na lógica, sim, claro. E aqui chegamos ao ponto principal: Eu nunca te pedi para mentir olhando nos meus olhos e nem com a boca na minha. Eu te mostrei tudo o que estava acontecendo, e se existiu distorção, foi iniciada por você, portanto, podemos concluir que eu não estou louca, pelo contrário, sou tão normal como o resto do mundo (certo, aqui, sim, faltou coerência). Agora me assusta tentar te mandar embora para sempre da minha mente, pois é sempre mais fácil se apegar a alguém que pisoteia suas meninges todas as noites, manhãs e tardes. É claro que a maioria das coisas mudam, o que eu sinto, o que você sente, nossas rotinas, nossas vontades... exceto o nosso desequilíbrio, você também vê? Com o passar dos dias, com a visão ficando cada vez menos embaçada, consigo ver que se você não conseguiu ser fiel com quem você grita tanto gostar, provavelmente nunca seria comigo que já pisei na sua mente por tantas noites. Portanto, concluamos: eu jamais confiaria em você. Você, por suas causas, poderia jamais me perdoar, sabe-se lá pelo quê. E eis aqui o nosso mais recente desequilíbrio! Qualquer hora eu desisto de permitir a tua entrada no meu escuro e tudo isso ficará como algo distante e rápido.  Mas não sei criar uma linha final para este texto pelo mesmo motivo que não consigo me obedecer, pois eu ainda consigo ser o animal mais racional do mundo, mas no minuto seguinte consigo ser o mair morto de todos, o que mais precisa de quem não está por aqui e nem quer estar, mas, ainda assim, espero que isso não me mate de verdade.



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