Só me acorda quando o sol tiver se posto.

Lembro que no meio da minha primeira mais demorada visita ao meu próprio inferno, eu tinha alguns pontos de vista da superfície calma, pontos de lucidez. 
Noite passada, por exemplo, girei os olhos em 180º para ver por dentro de mim o motivo de não doer mais, mas nem vi, só que, realmente, não tinha dor. Portanto, passa e volta. 
Volta e passa. 
Mas uma hora vai, e acaba. 
Sei que tenho treinado os cães da melhor maneira para afastar qualquer pessoa, até mesmo os próximos e sei também que, como sempre, eu sempre ouso segurar em apenas uma mão alheia para me equilibrar nessa corda bamba entre dois prédios gigantescos. Obviamente, minha única opção foi cair. Sim, estou me forçando como nunca antes a ficar em pé novamente e a arrancar todas essas cicatrizes com as próprias mãos. E isso, claramente, só tende a me machucar mais. Mas não consigo evitar sentir que falta um pedaço do meu peito, que parece ter ido parar na minha garganta,  todos os dias em que acordo e vejo que fiz, mais uma vez, algo tão em vão. 
Absolutamente em vão. 
Mesmo que eu estivesse com saudade de sentir essa dorzinha de gente besta, essa não era a hora, mesmo que eu saiba que a gente não pode ter o prazer de escolher a hora. 
O que também muito me irrita é que eu sempre sou sincera, eu sempre jogo com a minha própria cara, eu não machucaria alguém a prestação, jamais diria sentir algo se aquilo não existisse e não estou aqui pregando o meu evangelho de que nunca machuquei ninguém, pois já machuquei muita gente, mas da forma mais sincera possível e sem todas essas mentiras de novela das oito. O que me irrita é que se eu sempre faço isso, eu deveria receber de volta, pelo menos, alguém que jogasse direito e não esse povo mais estranho que, de repente acorda e te manda embora. Maldito foi o segundo em que houve a infelicidade de eu nos achar tão parecidos. Não somos, nunca fomos.
No mais, não tenho muito o que fazer, as coisas sempre melhoram e, nesses casos, o hoje é sempre melhor que o ontem e assim por diante. 
E, vai ver foi só um recado para me lembrar que todo mundo precisa ser meio idiota nessa vida, todo mundo precisa levar algumas mentiras a sério, acreditar em algumas palavras que são ditas da forma mais falsa já criada pela humanidade, todo mundo precisa achar que a pessoa que está segurando sua mão está a segurar com a mesma intenção que você, que é, realmente, não deixar cair, todo mundo precisa descobrir, de vez em quando, que tem gente que sente vontade de verdade de usar outras pessoas como passatempo de férias, todo mundo precisa arranhar a cara com esse tipo de gente, até eu mesma.




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Comentários

  1. ''não estou aqui pregando o meu evangelho de que nunca machuquei ninguém, pois já machuquei muita gente, mas da forma mais sincera possível e sem todas essas mentiras de novela das oito.'' *-*

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