Precipitação

Infelizmente, tudo em mim sempre irá render mais enquanto eu encaro noites de perigos internos. Nestas temporadas, este blog vai ter mais textos do que deveria, os livros serão lidos mais rápidos que o indicado, as tarefas acabadas antes do prazo final, o quarto arrumado mais de uma vez por semana, mas tudo sendo bem feito, tendo tudo de mim. Meu rosto desaparecido de várias esquinas. Todo esse alto rendimento sendo mais ou menos inconsciente porque ou preencho o ócio ou ele me mata. Uma guerra que finge que não é séria. Eu fingindo que não estou me matando. Posso quase prever que, no ápice da loucura, eu irei fugir de mim, transpirando lentamente até evaporar de vez, ficarei tão insensível a tudo que vou aparecer do nada para alguém antigo ou alguém totalmente novo e começar lentamente outro estrago. Em mim ou no próximo. Ou em ambos. Ou só um acordo de que tudo afetivo nessa vida é uma grande perda de tempo e que é melhor pular toda a ladainha de qualquer fingimento romântico e ir logo embora sem abrir porta nenhuma porque no fim da maioria dos cálculos a pena não tem valor. Ou abandonar meus textos por algum tempo porque é sempre assim: só consigo usar meus remédios quando estou doente, do contrário, obviamente, não seriam remédios. Talvez por isso eu não vou pedir perdão porque sei que, daqui a um tempo, eu estarei, de novo, encarando perigos externos nas noites... E rendendo bem menos. E sem sentir nada, mas lembrando por todos os segundos o motivo de eu raramente me colocar em segundo plano. Até que outro dia eu vou achar que vale a pena esquecer que eu devo preferir a mim mesma, condensarei, e pouco tempo depois vou estar bem aqui onde estou agora, precipitando, neste ciclo tão besta.




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