Falou, valeu.

Não dá para pegar a mesma gripe mais de uma vez. Do mesmo jeito, não dá para morrer duas vezes do mesmo jeito. Como eu assinei antes, concordei que tudo deveria ficar como está agora. Pois bem, certeza eu não posso dar, como nunca, mas é muito provável que em menos de um mês, mesmo sem remédio algum, eu consiga respirar normalmente de volta. Mesmo, também, que normalmente não seja de uma forma boa, seja apenas normal. Consigo lembrar que tanta tinta de caneta e tantos dedos no teclado acabaram por traçar caminhos para meus próprios pés que chegava a me assustar. Aqui, mais uma vez. Bem, pelo menos eu sei que estou viva. Pelo menos, eu sei que existem pessoas mais ou menos parecidas comigo. Um pouco menos porque eu jamais optaria por alguém além de mim e um pouco mais porque sei que da outra parte é exatamente assim. É ruim, quase horrível e quase insuportável, mas é bom para relembrar que a minha mão quebra sim, não tem nada de metal por aqui e suportável é preciso ser, mesmo com a garganta travada, ainda é bom... Aqui estamos outra vez com aquele mesmo gato na traqueia... Em breve eu cuspo e tão logo eu passo a ver a minha mão fingindo ser de ferro, coitada. Mas como eu mesma digo, nenhuma bola volta de outra cor e todo mundo acaba por morder a própria língua, de vez em quando, e se engasgar com o próprio veneno. Pois bem, vibrem todos agora porque vocês podem. Demorou demais e vocês quase perderam as esperanças, mas eu caí, sim. Caí exatamente onde eu sempre derrubei vocês. Parabéns, agora vocês podem dormir bem. Eu, no entanto, não exatamente. Mas, que bom, que bom que a vida também é ruim quando você deixa alguém morar dentro de si. Que bom nada, mais tarde eu vejo que foi bom. Agora é ruim, sim. Mas por essa vida, já basta. Espero que demore de verdade dessa vez. Eu sei que faz um tempo enorme que esse vazio dessa agonia não era preenchido e sei também que, caso eu consiga dormir, não vou estar preenchida quando acordar, mas eu sei que passa. Como qualquer coisa, inclusive eu que sempre passo de vez em quando até de mim mesma. Quero uma vida distante disso. Uma vida, pelo menos. E quero estar só comigo, sim, e que eu nunca mais esqueça e nem vacile, por todos os amores de todos os deuses, ninguém mais ouse entrar aqui. 







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