Paz enterrada

Queria ouvir outra vez, pela primeira vez, uma voz saindo do som do seu carro pedindo um coração. Outras noites ouvindo Arnaldo e sentindo o cheiro de mate, ousando tantas vezes tomar de novo para ver se eu conseguia gostar, mesmo que nunca conseguisse. Que a roupa grudasse de novo na minha pele pela umidade de estar no meio da floresta, mas que mesmo tão úmido, o tempo não deixava de ser quente. Irritada por tanta terra molhada, por cachorros que nos derrubavam, por choro bobo sem motivo que a gente tentava acalmar, por ser obrigada a mudar de radiohead para mickey e me irritar outra vez. Eu pagaria mais do que o real valor só por mais alguns dias daquela velha paz que, enquanto eu a tinha, eu não sabia que era, de fato, paz.




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