O relógio quebrado é um conforto,

me ajuda a dormir esta noite 
talvez isso pare amanhã de roubar todo meu tempo. 
E eu ainda estou aqui, esperando, 
embora ainda tenha minhas dúvidas.

A gente nunca sabe se existe alguém que esteja, de fato, ouvindo nossos pensamentos, mas a gente insiste e mesmo que falemos que não acreditamos, mesmo que expressemos sorrisos automáticos que de tão metálicos passam a enganar a nós mesmos depois de um tempo, continuamos pensando em atrair algo positivo, rezando para que, seja lá qual for o desejo do dia, dê certo. Tem uma hora que esquecemos que as coisas estão fora de ordem, não dá pra saber exatamente que hora é essa, nunca conseguiremos lembrar em que rua estávamos quando passamos a sorrir e deixamos uma porção de coisas suspensas como se não existissem. O peso de tudo isso é tão crônico que uma hora deixa de pesar. Como tudo na vida é questão de costume, isso não poderia ser de outro jeito. Agora eu devo ser medo e uma enorme vontade de que tanta gente me perdoe mesmo sem saber explicar que eu jamais faria coisas horríveis propositalmente. Óbvio mais uma vez que isso é conversa batida e por isso não tenho como pegar um táxi e ir te abraçar e apagar da sua mente o dia que eu te mostrei quem era eu. E é exatamente aqui onde eu erro, quando eu permito que qualquer pessoa olhe demais nos meus olhos. Isso sempre vai machucar alguém, na maioria dos casos eu jamais aguentaria sozinha, por isso, acontece o que acontece e por isso agora a porta está trancada e eu estou aqui no meio dessas frases, que talvez algum dia percam o sentido, tentando colocar curativos na minha alma, planejando salvar esse texto e começar a arrumar meu quarto, pra esperar que a vida se arrume também. Eu sei que não é fácil para quase ninguém e sei também que não posso usar isso como justificativa para me obrigar a ser forte. Eu já sei tanta coisa de como estar situada dentro da porra da confusão que é minha mente que acabo por não saber nada, inclusive como me salvar. Eu não sei de nada, absolutamente nada e estou aqui com as mãos pro alto, rendida e dizendo mais uma vez que eu não sei e que todas as vezes em que eu demonstrei saber era mentira. Não consigo enxergar mais nada, a começar pelos meus próprios pés e por onde estou pisando. Se a dúvida é realmente o preço da pureza, eu não tenho mais como pagar e se é tão inútil ter certeza por que raios eu ainda acordo todos os dias falando com alguém que em silêncio implorando por um rápido raio que corte o céu e mostre qualquer segundo de certeza? Eu nunca precisei de alguma... Até acordar hoje.



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