Cospe meu coração ou engole logo de uma vez!

Quando eu mais aceitei te ter foi, mais ou menos, no mesmo tempo em que eu abri as mãos para que você, como água, escorresse sem volta. Eu não sei qual é o nosso problema atual, eu já me consertei, me remediei, arrumei a casa, cicatrizei as feridas abertas, enfeitei tudo com o melhor, eu sei que falta um pouco mais, mas é só um enfeite na porta de entrada, e vou achar, mas me diz qual é o teu trem, ou o teu problema, me diz se falta mais. Ou continua assim mesmo sem dizer nada, mas me manda um aviso de que você chega, mesmo que não anote a hora nem o dia, mas garanta que vem do mesmo jeito que a morte já garantiu. Do mesmo jeitinho. Pelo menos você sabe que não existe parte em mim que não seja tua. Pelo menos. Pronto, é tudo seu aqui. Sempre foi e eu nem sabia. Perturbação mental, talvez, mas já fiquei bem, aliás. Enlouqueci e fiquei boa. E nada de sua chegada, mas sem agonia, agora que tudo está arrumado, não tem com o que se preocupar, é só não deixar que nenhum grão de poeira caia nesse chão que já reflete até meus próprios olhos, coitados, refletem você, mas não mais a mim porque eu mesma, sei lá quem sou eu mesma, mas não estou mais dentro dos meus olhos, o que não é um problema porque sei que estou com você onde quer que você esteja e que, no dia que você chegar para mim, ou eu chegar no seu mundo teremos, então, vida novamente. Ou morte, de uma vez por todas.


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