157 e 171

Como quando você aperta, com força, um elástico no pulso e prejudica a circulação daquele local e depois de um tempo tira. 
Alívio. 
É isso que eu sinto todas as vezes que faço o que me prometo. Nunca mais prometi coisa alguma a essas pessoas que andam pela minha calçada ou mesmo pelas avenidas, estradas ou ruas de pedrinhas, nem mesmo nas ruas de pedrinhas bonitas, aliás, já disse que eu queria tanto ser essas ruazinhas? Como podem fazer ruas tão bonitas e pessoas não? Tudo na mesma medida e altura, bonito demais de olhar. Pessoas não. São coisas horríveis de se ver. Como eu queria ser uma rua, mas, como não sou, me resta sentir esse alívio ao cuidar dos furos que faço nos dedos a cada pacto que renovo e chuto a dor de cabeça pra algum raio que possa parti-la. Que bom! Aliás, queria eu poder ter tudo sempre tão bom assim, talvez eu possa, mas tem a vida e tem o mundo e isso, infelizmente, às vezes me sacode quando pisco os olhos. Desculpa, mas eu preciso piscar meus olhos, sim, não posso viver com eles abertos caso eu ainda queira enxergar. E, não, não tem nada literal aqui. 
Exceto a rua. 
A rua era. 
Sobre o que existe entre as minhas queridas vírgulas você nunca vai roubar porque as vírgulas são as tão notáveis (lembre: é difícil demais enxergar o óbvio) proteções e o que é meu não é de mais ninguém. Vejo você se contorcer em três mil para tentar fazer seu o que eu coloco apenas entre vírgulas, mas você não consegue, sempre escorrega, seu sino sempre soa um sinal horroroso e no meu rosto, como sempre, expressão nenhuma. Mas você tenta, todos os dias, aparentemente. Continue. Quem sou eu para desmotivar algum ser nesse planeta? Ainda mais nós, tão humanos que chega a doer. Um dia te ensino a roubar as entre vírgulas porque as entre linhas nunca, nem com todas as tardes do mundo deitada do seu lado, pegando na sua mão, fazendo você repetir seu próprio nome, com nada disso nem com mais você iria aprender. Eu não derivo de você, hoje vejo que nem dele e nem dói mais. Quase nada dói mais, por sinal. Mas me incomoda quando eu noto que me incomodo por te deixar sozinha vez ou outra, mas a gente já sabia que quem abandona será, cedo ou tarde, abandonado, não é? Como alguém  falou da bola que só pode voltar da mesma cor. Eu não pretendo que você não ache ninguém no meio de um deserto sem céu e sem chão, por isso você também não deveria ter essa sede de se mover como eu me movo. A aparência pode até ser boa, mas do lado daqui é necessário um pulso que aguente não só o elástico do início nem suas facas de plástico, você precisaria de um estômago que aguentasse não só o que você escreve nas paredes que sabe cozinhar (perdão, mas você nunca aprendeu, que pena), você precisaria de mais, de muito mais, do que você não tem, então, isso é pelo seu bem, não pelo meu ego até porque mesmo que você viesse a ver tudo como eu vejo, eu continuaria sem te ver porque daqui de onde eu estou não dá pra ver nada e você não aguentaria o que nem eu mesma consigo de vez em quando. 
De qualquer forma, toda vida que vou na sala assistir seu espetáculo não consigo me emocionar e nem sentir graça. Você não tem graça e nem tristeza. 
Nós três não temos nada, mas metade de mim já foi, "minha mente já está lá e pro corpo só falta um dia", ou seja, somos dois e meio sem visão alguma, daqui em breve você serão dois, mas sem escândalos, eu jamais deixaria de dar excelentes óculos a quem escreveu jamais ver que eu abriria os olhos um dia.









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