Seis meses depois.
Você quis ir embora, eu abri a porta.
Percebe que não tinha porta?
Percebe que nunca existiu algo a ser fechado?
Não consigo concluir quem é mais idiota: você ou eu. Sua cara de quem realiza maldades, a minha de quem nada sabe.
Subversão.
Você chora e eu não sinto nada.
Ostentação.
Lembro que um dia você calçou um salto e passou horas pisando no meu juízo. Quase surtei.
Quase.
Foram só horas. Nem sequer um dia inteiro. Que estranho você! Que estranhos somos nós, não temos nada a ver em ponto algum.
Nada.
Não sei o que nos levou a ter algo já que, segundo a matemática, retas paralelas só se cruzam no infinito. Teríamos nós chegado ao infinito sem saber?
Bobagem.
Ou poesia.
Acho que é exatamente isso: o nada. Por que, raios, eu não consigo ver nada de mim em você e ainda assim não consigo te subestimar? Quem raios é você e onde é que você reflete? Onde você acaba? Onde chega? Onde, infernos, você permanece? Aparentemente, temos em comum a nossa parte mais sombria, aquela que não consigo detalhar de mim mesma, a que não consigo entender, a que não quero encarar, a que me assusta, mas, por fim, a que mais me mantém. Esse meu lado é o que você tem. Isso deve ser o que nos ligou.
Até o próximo passeio no infinito!
Comentários
Postar um comentário