Na água, a agonia mata mais que a falta de oxigênio.


Numa noite agressiva, como num campo de batalha, você tem duas opções simples: bater até onde pode e recuar ou bater desesperadamente esperando que o adversário caia, mas podendo cair também. Eu já sei que o meu choro precisa de um limite para não incomodar minha cabeça e meninges, para que, juntas, não comecem a reclamar. Eu não posso fazer isso com elas pois nada têm a ver. Além do mais, meu corpo ainda precisa de mim e embora eu ainda não tenha me encontrado, eu me perdoo por ter ido embora. Não há cristão nem pagão que não fosse ceder. Só os que não raciocinam, os que foram mimados e que acham que aguentam qualquer baque. Eu não. Onde quer que você esteja, não volte agora, a sua outra parte, essa que só serve para ligar o botão de escape, para ajustar o corpo, para que sua casa não desmorone na sua ausência, para que a água transborde o suficiente para não alagar e nem para deixar tudo seco e morto para que eu mesma possa nadar. A que escreve agora. Eu nem sei mais em quantas partes você mesma nos dividiu. Antigamente era tão fácil ver duas, mas observemos que eu mesma não faço parte de você de verdade e nem da que sempre está ao teu lado. Eu nem sei direito para que eu sirvo além do que citei, além de vigiar a casa enquanto você foge. Não estou brigando porque você finge que morre, pelo contrário, aliás, eu só existo porque você finge desistir, porque você finge estar em qualquer outro lugar. E de tanto fingir, torna real mesmo porque eu não consigo te ver, mas sei que você pode me ouvir, portanto, não ouse voltar agora. Não ouse matar a todas nós de uma só vez. Não ainda.



"If we can make it through this storm
And become who we were before
Promise me we'll never look back

The worst is far behind us now
We'll make it out of here somehow
Meet me in the aftermath"

Comentários