Fucking death!

Sempre fui contra o entregar-se, o sentar-se... Sempre, ou na maior parte do tempo, admirei forçar as pernas e ter força para bater na vida, entretanto, nunca achei que algumas vezes certas situações seriam energias de ativações tão altas que todos os meus catalisadores fossem insuficientes para diminuí-las. Nunca, por nenhum dia, considerei que eu ia querer bater e nenhum músculo meu iria responder, que eu iria querer tentar inspirar ar, mas não tivesse caminhos para chegar à superfície. E isso é, no mínimo, ruim. Mas nada que não possa ficar pior. Quando naquele sonho, todos vocês me prenderam ao colchão, eu não vi sentido. Nenhum. Agora sim. E, sim, o "vocês" são para vocês que me assustam, que me fazem ter medo de mim mesma, dessa vez eu estou falando diretamente porque, embora tudo sempre possa desandar de forma imprevisível, com vocês agora não mais. Não existiu nunca situação mais frágil que essa. Ou é agora ou em outra que eu nem conseguiria falar, portanto, essa é provavelmente a única vez que eu não consigo temê-los, mas apenas por não ter mais opções. Eu gostaria de me lamentar, de poder afundar aqui nessa terra, de me permitir ser fraca como eu fui tantas vezes, como tanta gente costuma ser, de cair pra poder levantar mais forte, mas não dá mais, se eu cair agora, sei que não existirá outra chance de ficar de pé. Dessa vez a morte veio mais cedo. Achei, realmente, que coisas assim só aconteciam em janeiro. Que dezembro só desmoronava no final. Não tenho muitas esperanças de que ela vá embora mais cedo, também. Embora eu não sinta o chão, embora eu já tenha engolido muita água e muito sal, não consiga mais diferenciar a cor do céu, talvez cega ou realmente no meio do nada, eu não tenho outra opção: meu medo de morrer afogada sempre vai ser maior, por isso eu encaro tanto essa água, pra aprender a nadar, pra nunca correr o risco de morrer do jeito que eu mais temo. É isso.


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