Carta definitiva que não dá alternativa

Toda agonia serve para alguma coisa.
Toda noite de insônia resulta em algum ensinamento.

No entanto, precisamos de uma balança. Nem toda agonia é agonia de verdade. Jogue fora seus caprichos. Nem toda insônia é incômodo. Jogue fora seus mimos. 

Quando te encontro naquele corredor branco, de madrugada, com um café na mão, ali é o ápice da minha insanidade atual, porque sabemos que aquilo não passa do canto do quintal. 
Não passa. 
Você nunca esteve lá, mas talvez já tenha nascido e talvez esteja um dia em um corredor de verdade. 
E comigo.
Nossa imaginação deve ser uma das coisas mais admiráveis do universo, tanta gente fala de amor sem nunca ter sentido e existe tanta gente para julgar essas pessoas, mas o criador de Nárnia nunca entrou em um guarda-roupa, assim creio.
Eu nunca estive naquele corredor, nem você.
Mas esperemos o resultado.
Sobre a agonia que me impede de acalmar a minha alma, sobre o incômodo que queima meu lado esquerdo, sobre tudo que parece que não vou aguentar, sobre tudo isso: o nada. 
As coisas só existem porque têm seu contrário. 
Jamais teríamos tudo se não soubéssemos o que é o nada.
Só perceberemos o que é o nada quando tentarmos traçar uma rota de fuga e não conseguirmos. 
Quando nos depararmos com uma fronteira que nos impede de atravessar, quando tentarmos voltar e também não termos caminhos. 
Esse será o nada: o momento que você se dá conta de que tudo que abriu mão realmente foi embora e a única coisa que você poderá fazer é ir atrás do tudo. 
Seja ele o que for.



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