Surdez e cegueira

Existem duas formas do meu mundo ficar mudo: a primeira é a felicidade, o bem estar total, a soma de todas as coisas resultando em um completo estado de paz.
A segunda é o nada.

Minha respiração faz um caminho estranho, é como se cada inspiração se contorcesse para não encostar no coração. Como se eu fosse explodir caso eu tocasse nele.

Meio que dói,
mas meio que cura.
Quando eu me volto para os interesses emocionais, fisiológicos, naturais seletores ou sei lá o que eles são, fico decepcionada ao me ver sem expressões faciais frente a eles, mas não muito porque eu já aprendi com todas as outras vezes que eu insisti em mergulhar em piscinas secas, com todas as vezes que eu multipliquei meus milhares de números pelos zeros alheios, as outras vezes que eu saí ilesa foram as vezes em que eu mergulhei em águas bobas,
 mas isso não vem ao caso,
dessa vez eu estou seca e com vontade negativa de entrar nessas águas, meio mentira também porque eu já mergulhei e bati a cabeça de leve no fundo, talvez agora seja só medo,
mas quem se importa?
Eu não me importo. Eu não quero mais pular. Em todos os outros âmbitos da minha vida tudo foi zerado, parece que as coisas perderam as cores, que meus cones da região fóvea foram lesados ou talvez eu esteja só frescando mesmo e vou acordar com um pico de emoções para tudo... Ou apenas morta.


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