Eu rezo para que você confie em mim. Gostaria tanto que você não
emperrasse vez ou outra nessas pedras no meio do caminho. Eu te puxo mas, de
vez em quando, você parece uma criança
que bate o pé e decide ficar onde está. Eu sei que tem uma venda no teu rosto e
que tu não pode tirar agora para observar o quão linda é essa caminhada até lá
em cima. O objetivo é só que sua visão possa arder um pouco no momento final
porque se não, nenhum gosto terá. É muito fácil correr e desviar quando sua
visão está nítida. Corridas fáceis são vitórias fáceis e eu sei que você não ia
gostar. No momento eu estou sentada do teu lado, esperando você tirar a poeira
da última queda. Meu amor, eu te amo tanto, eu faria tanta coisa por você, mas
não tenho força suficiente para te levar nas costas. No máximo, posso segurar
tua mão e não te abandonar e isso, eu prometo todos os dias. Eu queria que você
pudesse ter a mesma visão que eu, sei que é horrível lutar na escuridão... Se
não sei, imagino... Sinto o terror no teu rosto e em tudo que você faz... Sinto
em mim o que você sente. Queria ter o poder de pegar teu coração nas mãos e
tirar toda e qualquer dor das quatro cavidades... Eu tiraria, sim, se pudesse.
Eu cantaria para você dormir, caso você
ainda conseguisse. Eu lido com todo o mal que vem das quatro direções,
eles me arranham, mas não encostam em ti. Já sei que tua maior luta é contra
si. Quando você perdeu a noção do real, quando você ouviu aquelas vozes, eu
rezei por você. Às vezes, você solta minha mão, finge que não existo, deixa de
me ouvir... Nessas vezes, quando tu muda a direção dos teus pés, eu ergo a
terra debaixo deles e faço ela apontar pro caminho certo. E você continua...
Por nós.
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