first vision

Ouvi falar que não tinha cachorros no mato. No mato em que ela soltou a mão de um grupo de gente perdida e resolveu se perder sozinha. Se perdida já estava, pior não poderia ficar. Depois de se arranhar muito e quase ter a cabeça comida por uma onça, conseguiu ver o céu por uma brecha entre as tantas folhas que lhe cercavam. Até aquele momento, fazia tempo que nem sabia o que era sorrir. Não sei se ela algum dia encontrou a praia e teve a chance de usar seu sinalizador, o que sei, até agora, foi que aquela rápida visão do céu que a aguardava foi capaz de fazer ela não desistir de encarar quantas onças a mais viessem. Sabia que podia estar a dez singelos passos, mas pisava firme porque sabia também que poderiam ser mais de mil ainda. Mesmo que nenhuma voz existisse para lhe dizer que ela estava indo na direção certa, ela ainda tinha os ouvidos funcionando. Digo, ela ainda tinha a própria voz para dizer qualquer coisa que quisesse ouvir. Só sei que continuou.


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