Quando você tenta aumentar seus olhos ou quando finge (só finge mesmo, pois eles já são tão pequenos) que seus dentes não cabem na boca; quando conversa com várias pessoas com o corpo no presente e a mente onze anos a frente; quando procura seus olhos no espelho, não acha e sai arrasada; quando anda nas ruas como se tivesse uma missão super secreta; quando permite que sua mente viaje três mil quilômetros, ou uns dois anos a frente, ou cinco atrás; quando inspira forte e deixa o ar sair lentamente pela boca; quando arranca as unhas até sangrar; quando morde a boca até machucar; quando crava a unha na pele para substituir a agonia das emoções; quando dá um murro na parede só para ver como um idiota se sente; quando senta na frente do espelho e conversa com você mesma entre choro e riso; quando deita embaixo do chuveiro sem nunca ter pensado que é uma boa forma de se afogar; quando chora em silêncio enquanto dá bom dia a si mesma; quando senta cinco e meia da manhã em uma calçada qualquer e reza; quando em algumas noites, ou dias, diz a sua proteção que pode te abandonar um pouquinho e ir cuidar de alguém em especial; quando abre mão de si mesma vez ou outra e durante todas as horas que não abre; quando finge que sabe cantar ou dançar ou até mesmo tocar algum instrumento; quando se obriga a não pensar em nada e quando fecha os olhos e reza com força para que cada célula do seu corpo exploda uma por uma, eu fico aqui assistindo. Eu te assisto como a minha atriz preferida. Espero que você nunca esqueça e muito menos pare de atuar por achar que não tem público. Porque terá. Dia e noite, a cada segundo.
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