O
relato histórico feito do surgimento dos meios de comunicação serve como
indicação de que eles necessitaram (cada uma à sua maneira) adequar-se ao meio
para sobreviver em conjunto com os que já existiam. Isso nos mostra que a
aparição de novos veículos não necessariamente apaga a existência dos
anteriores e mesmo que algum veículo completamente inovador apareça, o modo
como se dá o sistema comunicativo atual será o mesmo, pois a função dele, se
atendida, é seu êxito.
Defleur,
ao expor que a mídia perpassa todas as comunidades (escola, política e religião,
entre outras) da sociedade, apresenta o modo de vida americano atual como
insustentável sem a comunicação em massa. Quando analisamos isso, podemos
pensar que no começo da história, essa comunicação (tal como é definida hoje em
dia) não existia e então, intuitivamente, respondemos que poderíamos viver sem
ela, no entanto, isso só seria possível se voltássemos a ser como éramos, se
voltássemos a ter o que tínhamos e deixar de ter o que não tínhamos antes dela
(o que parece impossível).
A
analogia usada pelo autor entre a cultura de massa e a formação de opinião das
crianças (essa por Platão) sugere que devemos selecionar o que queremos
absorver, no entanto, se a mídia é “manipulada” para mostrar realidades
desejadas, selecionar apenas o que queremos também seria um tipo de
manipulação, portanto, devemos ver também aquilo que não nos agrada (e aqui não
falo de gosto, mas sim de “verdades”).
O
famoso debate de que a indústria da informação se sustenta porque publica o que
o povo gosta ou o povo
gosta porque é a única opção (e por isso ela se sustenta) recebe um equilíbrio
quando o autor diz que o gosto do público é, ao mesmo tempo, causa e efeito.
Isso seria o mais aceitável porque não devemos pensar que a sociedade apenas
recebe tudo que lhe é mostrado já que ao mesmo tempo temos tantas críticas para
o excesso de conteúdo. Também não poderíamos concluir que a mídia expõe o que a
massa deseja quando já temos um número considerável de pessoas afirmando que a
mídia manipula.
Quando
temos acesso a uma obra mais erudita, essa se enquadra no gosto de quem
estabelece a publicação, ou seja, quando o que nos é passado algo diferente da
cultura diária, a obra já tem a seleção pré-determinada, o que quer dizer que nem
o que é erudito é nos passado de uma forma, de fato, erudita.
Com
a diferenciação e complexidade que os veículos assumem conforme crescem
(princípio de Durkheim) a tendência é que exista especialização de conteúdo.
Isso nós já podemos notar nos dias de hoje, porém, o que não notamos, é a
seleção que as pessoas deveriam ter (e aqui, mais uma vez, não falo de gostos e
sim de verdades).
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