TEXTO COMENTÁRIO SOBRE “TEORIAS DA COMUNICAÇÃO DE MASSA”, DE MELVIN L. DEFLEUR.

O relato histórico feito do surgimento dos meios de comunicação serve como indicação de que eles necessitaram (cada uma à sua maneira) adequar-se ao meio para sobreviver em conjunto com os que já existiam. Isso nos mostra que a aparição de novos veículos não necessariamente apaga a existência dos anteriores e mesmo que algum veículo completamente inovador apareça, o modo como se dá o sistema comunicativo atual será o mesmo, pois a função dele, se atendida, é seu êxito.
Defleur, ao expor que a mídia perpassa todas as comunidades (escola, política e religião, entre outras) da sociedade, apresenta o modo de vida americano atual como insustentável sem a comunicação em massa. Quando analisamos isso, podemos pensar que no começo da história, essa comunicação (tal como é definida hoje em dia) não existia e então, intuitivamente, respondemos que poderíamos viver sem ela, no entanto, isso só seria possível se voltássemos a ser como éramos, se voltássemos a ter o que tínhamos e deixar de ter o que não tínhamos antes dela (o que parece impossível).
A analogia usada pelo autor entre a cultura de massa e a formação de opinião das crianças (essa por Platão) sugere que devemos selecionar o que queremos absorver, no entanto, se a mídia é “manipulada” para mostrar realidades desejadas, selecionar apenas o que queremos também seria um tipo de manipulação, portanto, devemos ver também aquilo que não nos agrada (e aqui não falo de gosto, mas sim de “verdades”).
O famoso debate de que a indústria da informação se sustenta porque publica o que o povo gosta ou o povo gosta porque é a única opção (e por isso ela se sustenta) recebe um equilíbrio quando o autor diz que o gosto do público é, ao mesmo tempo, causa e efeito. Isso seria o mais aceitável porque não devemos pensar que a sociedade apenas recebe tudo que lhe é mostrado já que ao mesmo tempo temos tantas críticas para o excesso de conteúdo. Também não poderíamos concluir que a mídia expõe o que a massa deseja quando já temos um número considerável de pessoas afirmando que a mídia manipula.
Quando temos acesso a uma obra mais erudita, essa se enquadra no gosto de quem estabelece a publicação, ou seja, quando o que nos é passado algo diferente da cultura diária, a obra já tem a seleção pré-determinada, o que quer dizer que nem o que é erudito é nos passado de uma forma, de fato, erudita.

Com a diferenciação e complexidade que os veículos assumem conforme crescem (princípio de Durkheim) a tendência é que exista especialização de conteúdo. Isso nós já podemos notar nos dias de hoje, porém, o que não notamos, é a seleção que as pessoas deveriam ter (e aqui, mais uma vez, não falo de gostos e sim de verdades).



Comentários