Mas é apego. Sim, é.

Nessas tardes, o mouse da tecnologia atual, super avançada, segundo as placas que levantam, queima meus dedos. Tudo é tão avançado nesse mundo e os meus dedos ainda se incomodam. 
Avanço e incômodo. 
De milhões, exponho aqui apenas uma contradição desse mundo. 
Mundo pensante! Mundo desenvolvido! Nem tanto. 
Olho para a porta de vez em quando para ver se tu entras... Tu não vens. Você não está presente em todas as tardes. O calor dos meus dedos e meu rosto queimando, no entanto, estão. É esse calor... É esse mundo.
Enquanto você nunca vem, porém, eu vou cada vez mais atrás de mim mesma. Não nos arrependamos, estamos mais certos que nunca. Quase parece que tu teme o não-pensamento para o dia seguinte, mas, prefiro acreditar que, assim como eu, você só deixou isso pra lá em alguma esquina dessa vida estranha. Que você, assim como eu, só torna normal pensar no agora, nessas tardes que você não vem. Tudo bem. Tudo bem que você não venha. Por essa porta que você nunca passou, talvez passe um dia. 
Não me canso de esperar porque, ao mesmo tempo em que eu espero, eu corro e nado. 
Atrás de mim. 
Antes eu que você. 
Não me canso, nem tenho medo porque tenho muita coisa pra fazer além de sentar e te esperar apenas. É desse mal que sofrem, e que eu já sofri: a gente senta, pega, no máximo, uma garrafa de água e pronto, cai na espera! Pelo amor de Deus, esperem no meio da estrada enquanto andam, enquanto voam pelos céus, enquanto morrem afogados!
Salvação não vem para quem está a salvo. 
A tarde acabou e nada do seu sorriso. Amanhã, quem sabe, eu te espere mais. Agora vou cuidar dos meus dedos e do meu rosto que gritam por mim. Eu espero por mim. Eu cobro de mim. 
Antes de mim, depois, mais tarde, quem sabe, de você. 




"Say you'll be better
I'll keep waiting forever
You know i do
Know i do, oh."

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